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Opinião
Sexta - 01 de Novembro de 2013 às 21:37
Por: Juacy da Silva

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Ao longo da história as nações se confrontaram na luta para conquistar e manter espaços tanto territoriais quanto econômicos, financeiros, culturais e até mesmo religiosos. Na verdade as guerras de conquistas ocorriam e ocorrem com a finalidade de garantir o suprimento de matérias primas e também de um mercado consumidor cativo.

Alguns estudiosos baseados em dados empíricos que lhes dão base, afirmam que esta seria a origem dos impérios que surgiram, floresceram, entraram em decadência e desaparecem ou foram substituídos por outros que conseguiram avanços tanto na arte da Guerra quanto nos seus sistemas produtivos, onde as descobertas de novos produtos, novas metodologias e relações de trabalho e de produção ocorriam em decorrência de inovações e também de um sistema educacional e de gestão que atendiam aos desafios da modernidade em cada época. Quem assim não agia ou não age estava e está fadado a ser derrotado nos campos de batalha ou na luta pelo domínio político, econômico, cultural, social e religioso.
 


"O Brasil está incluído entre os dez países com características que lhe dão condições de ser um ator de primeira grandeza no cenário mundial."
 

Ao redor do mundo, as crianças, adolescentes e jovens aprendem pelo estudo da história como esses impérios se formaram e também como desapareceram ou perderam espaços para seus concorrentes e competidores. O que não conseguimos entender é como esses estudantes quando chegam às posições de liderança em suas respectivas áreas profissionais, inclusive na vida política, não conseguem aproveitar os conhecimentos disponíveis e contribuir para que seus países possam encarar com seriedade os desafios que têm no contexto das relações internacionais e domésticas.

O Brasil está incluído entre os dez países com características que lhe dão condições de ser um ator de primeira grandeza no cenário mundial. Em termos de território somos o quinto país; em população também ocupamos a quinta posição e em economia (PIB) o sétimo lugar e possuímos uma grande abundância de recursos naturais.

Todavia em exportações caimos para a 23ª posição, participando com apenas 1,4% do mercado mundial exportador, situação praticamente inalterada pelos últimos 40 anos. O mesmo acontece com nossa participação nas importações onde ocupamos a 21ª posição, com uma fatia insiginificante de 1,2% do total das importações mundiais.

Por mais que nossos governantes ou até mesmo inúmeras instituições e pesquisadores nacionais, cheios de ufanismo, costumem alardear o crescimento espetacular de nosso comércio internacional, a realidade tem demonstrado que nossos concorrentes estão crescendo e continuam a crescer tanto em termos de PIB quanto de comércio exterior muito mais do que o Brasil.

Um país que exporta basicamente produtos primários ou semi-industrializados, com baixo valor agregado, que possui uma indústria que a cada ano enfrenta mais dificuldades para sobreviver no mercado interno e também no mercado externo, que não consegue melhorar sua produtividade e seu poder de concorrência em termos de qualidade e preço, está fadado a, paulatinamente, perder espaço nos aspectos econômicos, financeiros e geoestratégicos.

Para que um país possa se transformar em uma potência, seja econômica, científica e tecnológica ou militar precisa que seu PIB cresça em ritmo e índices superiores não apenas às médias mundial ou regional, mas também de seus concorrentes mais próximos, por décadas seguidas.

Sem crescimento forte e contínuo do PIB um país não tem condições de gerar recursos para investimentos e na melhoria da qualidade de vida da população e enfrentar desafios como ter uma infraestrutura e sistema logístico compatível com a grandeza de sua economia e com sua inserção no cenário internacional.

Relatórios recentes de vários organismos internacionais têm demonstrado que também em diversas outras áreas como educação, saúde, cuidados com o meio ambiente, produtividade econômica e gestão pública o Brasil continua mal na foto. Esses gargalos em termos econômicos fazem parte do chamado custo Brasil, que ao invés de diminuir tem aumentado ultimamente. Entra governo, sai governo e parece que estamos parados no tempo, quando comparados com nossos concorrentes diretos. Já passou a hora de mudar tudo isso, a começar pelos nossos governantes!

JUACY DA SILVA é professor universitário aposentado UFMT e mestre em sociologia.



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