Repórter News - reporternews.com.br
Opinião
Sexta - 25 de Novembro de 2011 às 08:35
Por: Mario Eugenio Saturno

    Imprimir


Ao contrário do que muita gente pensa, o Brasil não é um país livre dos desastres naturais. Quando vemos os terremotos, vulcões, furacões, maremotos e nevascas dos outros, tendemos a crer que somos o país mais abençoado do planeta. Porém, muita gente morre por causa das chuvas de verão. Será que as autoridades estão preparadas para os desastres dos próximos três meses?

Ao menos o INPE vem dando sua parcela de contribuição. A começar com um curso para meteorologistas que busca capacitá-los no uso de ferramentas para previsão e análise do tempo severo. O curso acontece nos próximos dias no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do INPE, em Cachoeira Paulista (SP).

O INPE também está ajudando no desastre do vazamento de petróleo na Bacia de Campos. Um conjunto de imagens do radar ASAR, do Envisat, e do sensor MODIS, dos satélites Aqua e Terra, foi entregue ao Ibama e à Petrobras para avaliar o vazamento de petróleo no campo da empresa americana Chevron, no litoral norte do Rio de Janeiro.

Desde 2009, o INPE mantém em sua unidade de Cachoeira Paulista uma Estação de Sensoriamento Remoto Marinho que recebe imagens, em tempo quase real, para a detecção de poluentes na superfície do mar e outras aplicações, como o estudo de ecossistemas e recursos naturais marinhos e a medição da intensidade de correntes e campo de ventos e altura de ondas.

Para o desastre global do aquecimento, o INPE lançou e já disponibiliza na internet o LuccME (www.terrame.org), do inglês "Land Use and Cover Change". É uma ferramenta de código aberto para a construção e customização de modelos de mudança de uso e cobertura da terra. Desenvolvido pelo Centro de Ciência do Sistema da Terra (CCST) do INPE, o LuccME é uma extensão do ambiente de modelagem TerraME, resultado de parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto.

O LuccME simula diferentes processos de mudança de uso e cobertura da terra, como desmatamentos, expansão da fronteira agrícola, desertificação, degradação florestal, expansão urbana em diferentes escalas e áreas de estudo. Uma das aplicações é a construção de cenários de futuros alternativos.

O INPE adotou a estratégia de distribuir gratuitamente imagens de satélite para todos os brasileiros, pessoas ou empresas. Nos últimos anos, o INPE vem praticando o mesmo com os africanos e no início de novembro assinou um acordo para fornecer gratuitamente os dados dos satélites CBERS ao Gabão, onde já está sendo construída uma estação de recepção em Libreville. Do mesmo modo, estão sendo instaladas estações no Egito e no Quênia, enquanto que na África do Sul e nas Ilhas Canárias a infraestrutura já está pronta.

Certamente, o INPE vai ser um importante agente na luta da humanidade pela preservação do ambiente e do próprio ser humano. Isso se o próprio sobreviver à reforma que preparam, aos cortes de verba e à aposentadoria dos funcionários.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/334/visualizar/