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Opinião
Sábado - 30 de Janeiro de 2021 às 12:15
Por: Renato Gomes Nery

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Já faz algum tempo que eu assisti, pela televisão, a reportagem sobre um local, no Rio de Janeiro, onde estavam empilhados incontáveis bustos abandonados que foram colhidos aleatoriamente pela prefeitura em diversas praças, logradouros e outros locais públicos.

Estes bustos, em algum momento da história, representavam homenagens geralmente feitas, em cerimônias com pompas e circunstâncias, para algumas pessoas autoras de um grande feito ou por relevantes serviços prestados.

Hoje, as pessoas homenageadas, jazem esquecidas num canto de um depósito público, sem nome e sem identificação, vítimas de um cruel esquecimento. Tudo é efêmero! Vamos ser todos esquecidos!

Após a queda de URSS, os bustos e estátuas de figuras proeminentes do antigo regime eram defenestradas de diversos locais da Rússia, num revisionismo sem precedentes. Algumas antigas autoridades proeminentes desfilavam, paramentadas a caráter, na Praça Vermelha, para mostrar, à indiferença das pessoas, que elas foram importantes. É difícil aceitar a passagem do tempo e constatar que somos todos passageiros neste torrão! Insistimos, todos nós vamos implacavelmente para o olvido!

Hoje, as pessoas homenageadas, jazem esquecidas num canto de um depósito público

Eu me lembrei dos fatos acima, quando deparei com a notícia de que os bustos de diversas praças públicas, aqui em Cuiabá, estão sendo furtados – e por serem de bronze – serão derretidos. Numa inusitada alquimia, os homenageados serão transformados numa pasta disforme para ser negociada no mercado negro, a preço vil. Certamente que as boas intenções e o desvelo daqueles que mandaram fazer os bustos não tiveram a dimensão deste curioso desfecho. Curiosa é a vida! Curioso é o mundo!

O que foi importante ontem, pode não ter mais qualquer valor no futuro. Quando nos apegamos a determinadas verdades, vaidades, dinheiro, ideologias, religiões ou dogmas é preciso ter a dimensão da fragilidade de que tudo se resume num “fogo fátuo” aparecendo e desaparecendo ao sabor das matérias apodrecidas do fundo das lagoas.

Enfim, tudo se esquiva com o passar implacável do tempo que desfila impassível em nossa frente!

Renato Gomes Nery é advogado.



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