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Opinião
Sexta - 18 de Março de 2022 às 18:02
Por: Henrique Leão Guedes

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Neste dia 18 de março é celebrado o Dia Mundial do Sono, cujo tema de 2022 é “ronco não é piada”, uma campanha da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). A data, que chama a atenção global para a importância do sono na saúde e na qualidade de vida, é destacada pela ABORL-CCF como oportunidade de discutir um problema que, muitas vezes, é encarado como brincadeira ou um simples incômodo.



O ronco é o ruído causado pela vibração da mucosa e dos músculos da garganta durante o sono. O ronco é bastante frequente, principalmente em mulheres e homens acima de 40 anos, respectivamente 24% e 36% dessas pessoas sofrem com esta queixa. Por trás do ronco pode haver uma doença potencialmente fatal (apneia do sono).



As principais causas do ronco são os fatores que também levam a obstrução nasal (desvio de septo nasal, hipertrofia dos cornetos, polipose nasal), o excesso de relaxamento dos músculos da garganta provocando o estreitamento da via aérea, excesso de tecidos moles na garganta, geralmente resultado do excesso de peso, aumentando amígdalas e adenóide, o que causa a obstrução à passagem do ar, e quando o céu da boca (palato) e a úvula (campainha), estão aumentados, estreitando também a passagem do ar.



Já a apneia é sinônimo de parada respiratória, pode ser de duração variável e ocorrer durante o sono.



Nem todas as pessoas que roncam apresentam apneia, apenas uma parcela delas. Nessas pessoas, ocorre um estreitamento que produz o som, mas sem um fechamento da via aérea.



Quase todas as pessoas que têm apneia roncam. É raro, mas pode acontecer da pessoa ter apneia sem roncar.



O ronco sem apneia pode causar problemas no âmbito social, pois o roncador frequentemente é motivo de ridicularização, além de atrapalhar o sono dos que compartilham o ambiente.



Além disso, essa respiração bucal noturna pode causar outros problemas como faringites em maior frequência que o normal. Já a presença da apneia mostra que o caso é mais grave.



A curto prazo já podemos perceber as repercussões, como a sonolência diurna, cansaço e sensação de sono não reparador. Isso ocorre devido a fragmentação do sono.



A longo prazo a apneia já foi associada a hipertensão arterial, a risco aumentado de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (derrame) e insuficiência cardíaca congestiva.



Há vários tipos de tratamento e a decisão do médico sobre qual é melhor para cada paciente leva em consideração diversos fatores, como o grau da apneia, variações anatômicas do pescoço, nariz e faringe, peso, entre outros. Todos os pacientes que têm ronco e apneia são orientados a perder peso (quando estão com sobrepeso) e a fazer atividade física. A avaliação da respiração nasal também é muito importante.



Existem também outras opções de tratamento e que incluem a cirurgia. As indicações de cada uma dependem do tipo de obstrução, da anatomia de cada paciente e do grau da apneia.



Aproveito esta oportunidade e deixo aqui algumas dicas para um boa noite de sono, pilar fundamental da saúde humana, importante para o desempenho neurológico e físico.



● Fazer atividade física regular.
● Ter uma alimentação adequada, leve no jantar, para ter uma noite de sono mais tranquila e sem interrupções.
● Não consumir alimentos à base de cafeína, como chá preto, café e refrigerante à base de cola.
● Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
● Não fumar.
● Perder peso, no caso de pacientes com obesidade.
● Adotar práticas de higiene do sono, como evitar telas durante a noite. Celulares, tablets e televisores devem ser desligados pelo menos uma hora antes de se deitar.
● Ler fora da cama, pois ajuda a embalar o sono.
● Dormir no quarto escuro.
● Praticar meditação pode facilitar a preparação para o sono.

E reforço: o ronco não é piada. Procure ajuda de um especialista para garantir a sua qualidade de vida.

Dr. Henrique Leão Guedes é otorrinolaringologista formado pela UFMT e médico do trabalho



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