Repórter News - reporternews.com.br
Opinião
Sábado - 20 de Agosto de 2022 às 09:57
Por: NEILA BARRETO

    Imprimir


Criado como l6º Batalhão de Caçadores, em Cuiabá, em 11 de dezembro de 1919, teve como unidade formadora o 38º/13º Regimentos de Infantaria. Inicialmente, funcionou no prédio do Arsenal de Guerra, no Porto, depois na década de 40 do século XX, passou a ocupar o prédio da Avenida Lava Pés, construído pelo interventor de Mato Grosso, Júlio Strübinger Mülher.

Em 27 de julho de 1978, por Decreto n. º 1.044, foi denominado de 44º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIM). É um Patrimônio Público que precisa ser usado.

A Constituição Federativa do Brasil diz, entre outros, que a comunidade tem o dever de proteger o patrimônio público. Entendemos que o tombamento do 44° BIM representa a defesa de seu patrimônio material e imaterial expressa nas ações dos diferentes grupos formadores dessa corporação, componente da sociedade brasileira. No entanto, a comunidade também precisar usufruir dele.

Para as Historiadoras Maria Adenir Peraro e Maria Benício Rodrigues, da UFMT, tanto o 16º BC quanto o 44º BIM, aparecem na nossa história como inatingíveis à população mato-grossense, distante em seu cotidiano, e em sua organização. É um lugar de memória e também de pesquisa.

Ambos, entretanto, fazem parte da história regional. O 16º BC (mesmo com outra denominação) esteve presente nesta região de fronteira, desde os tempos imperiais, principalmente, quando das definições dessas fronteiras na região de Mato Grosso, à exemplo da Guerra do Paraguai ocorrida em 1864-1870. Além disto, participou de dois momentos de grandes conflitos na nossa história, a Revolução Constitucionalista de 1932,
e a Revolução Militar de 1964.

Ainda exerceu inúmeras atividades relacionadas ao atendimento da população, tal como no período da epidemia da cólera em Mato Grosso de 1867-1868; nas campanhas de vacinação do século XIX; durante as enchentes do rio de Cuiabá, que expulsavam as populações ribeirinhas das suas moradias.

Em relação à atividade militar construiu os Fortes de Coimbra e do Príncipe Forte da Beira, em Vila Bela da Santíssima Trindade, no século XVIII, construiu estradas e fez a defesa da população branca contra os índios, no século XIX.

O distanciamento, entretanto, aparece como o traço mais forte para a população, constituindo-se em uma organização fechada nos muros de um prédio, sem participação na construção da história regional, cuja arquitetura provoca admiração à população e desejo de visitação. É preciso pensar uma forma da população conhecer esse bem.

A abertura à população, proporcionando à comunidade o uso da pista de atletismo para caminhadas, inclusive seguras, em tempos de violência já foi um grande avanço. Porque parou?

O que aconteceu que fechou as portas para o uso da população tão carente de áreas de lazer, principalmente os idosos.

No entanto, é preciso mais, como por exemplo, possibilitar o contato de estudantes e pesquisadores junto às documentações e arquivos existentes para encaminhamento de novas pesquisas e o aparecimento de novas histórias, de acordo com a biblioteca existente em seu interior.


A publicação do tombamento no Diário Oficial de Mato Grosso é uma vitória. Passam a fazer parte do Patrimônio Histórico e Cultural de Mato Grosso o pavilhão do comando, guaritas e o jardim de acesso do 44° BIM. A História, a Cultura e a cidade de Cuiabá agradecem! Mas é necessária a abertura para a população.

Neila Barreto é jornalista, mestre em História e membro da AML.




Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/4734/visualizar/