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Opinião
Sábado - 03 de Setembro de 2022 às 04:28
Por: Natasha Slhessarenko

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Relatos frequentes no Brasil de casos de perda do testículo por isquemia irreversível, em casos de torção testicular, têm preocupado a Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE).

E cabe fazermos um alerta: a doença é comum, porém ainda há demora no diagnóstico e na solução do problema por diversas razões.

A torção testicular descreve uma condição na qual o testículo se torce no saco escrotal, bloqueando a irrigação de sangue ao testículo. É uma emergência médica, porque o testículo pode morrer devido à falta de oxigênio. Recém-nascidos, crianças e adolescentes são mais comumente afetados.

O sintoma mais comum é uma súbita dor na virilha, muitas vezes acompanhada de náuseas e vômitos.

Quanto ao diagnóstico, é feito através de uma ultrassonografia do saco escrotal. O tratamento implica cirurgia para distorcer o testículo e o reposicionar no saco escrotal. A cirurgia deve ser realizada o mais rapidamente possível a fim de evitar danos ao testículo. Com diagnóstico precoce e cirurgia, a maioria das pessoas se recupera muito bem.

Se a torção for diagnosticada e tratada precocemente, há uma boa chance de se poder salvar o testículo antes que ocorram danos. Se a torção não for diagnosticada e tratada, o testículo pode morrer por falta de oxigenação e deve ser removido. Isso pode afetar mais tarde a fertilidade.

A CIPE orienta que não se deve perder tempo aguardando exames complementares que possam atrasar o diagnóstico e o tratamento. O diagnóstico da torção testicular é basicamente clínico, não deve depender de exames. Em caso de dúvida, a exploração cirúrgica é mandatória. Em uma criança saudável, a cirurgia realizada por profissionais experientes, é segura e é o único tratamento indicado.

Também não é recomendado perder tempo aguardando surgir vagas para transferências entre hospitais, tudo tem que ser feito com rapidez.

Outra orientação é que as famílias devem ser orientadas pelos pediatras; e os meninos devem ser educados pela família, pelos pediatras e pela escola, para saber que esta doença existe e que em caso de dor súbita e forte no testículo precisam avisar rápido o que estão sentindo, sem ter vergonha de falar em um problema nos genitais.

É importante que os pais levem rápido o filho com uma dor súbita e intensa num testículo para atendimento médico de urgência, sem tentar soluções caseiras que causem perda de tempo. O tempo é fundamental para os resultados.

A CIPE ainda orienta que os médicos, inclusive os que não são especialistas em pediatria, cirurgia pediátrica ou urologia, precisam estar sempre alertas para esta situação e procurar resolvê-la o mais rápido possível, encaminhando a criança com dor súbita no testículo para cirurgia em tempo hábil.

Natasha Slhessarenko é pediatra e patologista, professora da UFMT.



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