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Opinião
Quinta - 08 de Setembro de 2022 às 08:48
Por: Enildes Corrêa

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A auto-observação e a observação do acontecer da vida nos permitem aprender minuto a minuto. Ao longo de quase 30 anos de exercício da profissão de terapeuta corporal, no decorrer de atendimentos individuais como também em seminários vivenciais, voltados a organizações ou à comunidade em geral, identifiquei tensões musculares no corpo das pessoas que, por sua vez, revelam tensões emocionais e padrões de comportamento originadores de deperturbações em vários aspectos de nossa existência, com diferentes graus de intensidade.

Quando há tensões musculares crônicas instaladas no corpo, não adianta só trabalhar localmente na área da dor. É necessário investigar e compreender a causa que provocou a desorganização da estrutura corporal. Normalmente, descobre-se que, por trás de uma desordem física, sempre há algum conflito emocional e não somente hábitos posturais indevidos, por exemplo.

Pois bem, ao olhar e observar atentamente a condição física de alguém, a qual me abre a leitura emocional simultaneamente, fator que facilita esta terapeuta estudar as tensões encontradas e os distúrbios decorrentes - os quais muitas vezes geram sofrimentos do nível físico ao energético -, constatei que, em certos casos, basta, de repente, introduzir pequenos ajustes para produzir algumas alterações significativas, as quais aliviam imensamente o peso que se carrega no corpo e no cotidiano da vida.

Não entrarei em pormenores de casos terapêuticos mais complexos, uma vez que não é o tema deste texto.


Citarei um exemplo para elucidar melhor a importância dos pequenos ajustes no nosso dia a dia. Certa vez, para iniciar um seminário vivencial corporativo voltado para a humanização e melhoria da qualidade do atendimento ao público, solicitei os participantes a se sentar, posicionar-se em círculo e dar as mãos uns aos outros.

Ao observar atentamente a postura de cada integrante do grupo, constatei que várias pessoas estavam causando tensões desnecessárias em seus ombros e braços, o que as impedia de estar totalmente presentes na ação proposta.

Se houver estresse ao invés de relaxamento no contato com o outro, não haverá satisfação no encontro. Na condição de desconforto, o desejo é finalizar com brevidade seja o que for, não é?

No caso da prática que mencionei há pouco, solicitei os participantes a perceber com total atenção a posição em que seus braços se encontravam. Caso verificassem alguma sensação corporal desconfortável, orientei-os a promoverem ajustes para soltar ou minimizar tensões e aumentar o nível de relaxamento na realização da atividade proposta. O resultado foi incrível e surpreendeu a muitos!

Mínimos ajustes na posição dos braços e das mãos elevaram substancialmente a qualidade daquela vivência, na verdade, espelhando o que ocorre na vida real da maioria de nós, seja no âmbito familiar, profissional ou social.

A observação silenciosa do que quer que nos aconteça, por si só, já é transformadora, ilumina a realidade. Como disse papai, Sr. Hélio Corrêa da Costa: “O silêncio é um conselho especial. No silêncio, não há conflito. A verdade sempre está no meio do silêncio”.

E agora, convido você para uma pequena experiência: - Pare e observe-se por alguns instantes. Tome ciência de sua estrutura física. Como a percebe? Sente alguma tensão? Sensação de desconforto ou dor? Feche os olhos gentilmente, respire devagar e aquiete a mente. A respiração lenta acalma o sistema nervoso e diminui inclusive dores físicas.

Após esse breve tempo de quietude, qual movimento de ajuste você é impulsionado a efetuar para reduzir tensões existentes e experienciadas neste momento?

Dê liberdade ao corpo para esse movimento e perceba qual mudança ocorre com ele. Às vezes basta espreguiçar-se, respirar melhor, modificar a respiração, desacelerá-la, imprimir um ritmo mais lento e profundo. E desarma-se uma sequência de tensões e desconfortos tanto físicos quanto mentais em questão de segundos, como num passe de mágica! Já fez essa descoberta? E acredite, uma única respiração consciente faz diferença expressiva para o nosso bem-estar no aqui e agora.

E quanto aos desafios eventualmente enfrentados por você neste momento? Algum insight de ajuste?

Namastê!

Enildes Corrêa é administradora, terapeuta corporal, professora de Yoga.



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