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Opinião
Sexta - 09 de Setembro de 2022 às 11:57
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Da mesma forma que o Instituto Mato-grossense da Carne, Imac, está buscando diálogo com a União Europeia, também a Aprosoja ou Associação de Produtores de Soja e Milho do estado abriu conversa com aquela integração econômica.

Esta entidade quer votar lei para impedir importadores europeus de comprarem produtos de áreas de desmatamentos ilegais no bioma amazônico.

Querem expandir essa proibição também no cerrado. Medidas que afetariam a exportação de carne bovina e de soja para aquele mercado, se houver desmatamento ilegal.

No dia 5 de agosto passado, o primeiro Congresso Brasileiro de Produtores de Soja discutiu esse assunto e arguem que produzem de acordo com as regras ambientais.

Dizem que a soja plantada no Brasil fixa mais carbono do que emite. Que, em uma década de análise, em Mato Grosso, a quantidade de carbono no solo era mais que o emitido. Afirmam que a produtividade reduziu a necessidade por novas áreas. Querendo dizer que a tecnologia no campo, com novas sementes e adubagens corretas, teria aumentado a produção de soja por hectare e que isso faria diminuir a busca por novas áreas para plantio.

Medidas que afetariam a exportação de carne bovina e de soja para aquele mercado, se houver desmatamento ilegal

Defendem que não existem motivos para acreditar que a soja seria responsável pelo aumento do desmatamento na Amazônia e dizem que 84% desse bioma está preservado e que, nas propriedades, é obrigada a preservação de 50% a 80% da vegetação nativa. Também mostram que foram usadas muitas áreas de pastagens, já desmatadas antes.

Dão alguns números sobre o agro no Brasil: o setor gera 25% dos empregos, colabora com 27% do PIB e com 40% das exportações.

Por fim, ponderam que as leis do país e as boas práticas agrícolas ajudam a preservar o bioma. Que seriam contrários aos desmatamentos ilegais e que estão abertos ao diálogo com os países compradores.

Com argumentos diferentes, vai na mesma linha defendida pelo Imac e propondo o diálogo entre os interesses. É a alternativa correta, levar para o confronto seria infantilidade.

Seria útil que trouxessem para visitas à produção no campo deputados daquela União econômica. Não somente deputados mais estridentes sobre defesa do meio ambiente, mas mesclar com outros que possam contribuir nessa discussão.

Não seria num documento desses que apareceriam aqueles velhos argumentos de que a Europa não tem alternativa a não ser comprar o produto daqui, mesmo com destruição ambiental. Ou que a Europa acabou com suas vegetações e agora quer dar aulas para o mundo sobre o meio ambiente. Coisa antiga, fora de uma discussão inteligente e produtiva.

Até que enfim se está argumentando sobre esse tema aqui no estado de forma mais racional, mais pé no chão. Todos ganham com isso: o produtor rural que poderia vender seus produtos sem empecilhos criados pelo importador e a União Europeia que faria seu serviço em defesa do meio ambiente.

E não sejamos inocentes: esse assunto hoje rende votos na próxima eleição do parlamento europeu. E, por fim, meio ambiente, se preservado, seria melhor para o estado.

Alfredo da Mota Menezes é analista político



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