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Opinião
Quinta - 13 de Outubro de 2022 às 10:35
Por: Txai Suruí

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Seja nos territórios, nos grupos de proteção e monitoramento, nos protestos, em eventos internacionais, nos tribunais, no acampamento Terra Livre, nas comunidades, na periferia, nas universidades ou no Congresso, nosso movimento é resistência. É fazer sobreviver nossa cultura diante do processo de colonização massacrante que vivemos. É desmistificar, ensinar, decolonizar ideias nas mídias sociais. É fazer arte através da nossa cosmologia. É não permitir o avanço da destruição em nossas florestas. Resistir é lutar todos os dias contra uma realidade que quer o seu fim.

Vivemos os piores momentos e vimos as maiores injustiças. Choramos, mas nunca nos acovardamos, pois somos guerreiros da esperança. Montamos a maior campanha para eleger candidatos indígenas em todo o Brasil, na luta contra o fascismo buscando aldear a política. Elegemos duas deputadas federais indígenas para o Congresso Nacional, Sônia Guajajara e Célia Xakriabá, além de grandes defensores do meio ambiente como Marina Silva. Elegemos grandes nomes como Guilherme Boulos, Erika Hilton, Leci Brandão, Talíria Petrone e muitas outras sementes. Porque "a gente não enterra, a gente planta".

Vivemos os piores momentos e vimos as maiores injustiças. Choramos, mas nunca nos acovardamos, pois somos guerreiros da esperança

Apesar de termos eleito uma grande bancada bolsonarista e ruralista que condenam suas próprias vidas e a qualidade dela ao destruir nossas florestas, deixamos claro que não existe mais volta. Nenhum passo atrás será dado. Continuaremos nos revoltando contra todo preconceito, contra as violações de direitos humanos, contra a destruição da Amazônia e de todos os biomas e contra toda tirania e fascismo.

Avançaremos cada dia mais na construção de um lugar onde o pobre, o trabalhador, o indígena, a mulher, o negro tenham vez. Propomos um modelo de sistema diferente no qual o capital não seja o mais importante. Compartilho trechos do Códigos e Normas do povo Paiter Suruí (2014):

"Estamos cientes de que a humanidade toda vive um momento muito grave, pela doença instalada no planeta em que vivemos. As consequências da forma irresponsável com que a humanidade tratou de explorar os recursos naturais da Terra estão causando e vão causar grandes danos para todos. Entendemos que todos precisamos agir e contribuir para um futuro possível, se quisermos que a vida continue existindo na superfície do nosso planeta. [...]

Para isto conclamamos a todos, autoridades, empresários, líderes globais, ONGs de todo mundo e pessoas comuns, a nos unirmos e refletirmos urgentemente sobre os problemas já instalados e os que estão por vir, e buscarmos um novo modelo de sociedade e de desenvolvimento, que privilegie a vida em todas as suas formas".

Txai Suruí é vcordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia



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