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Opinião
Sexta - 14 de Outubro de 2022 às 09:11
Por: MARIA AUGUSTA RIBEIRO

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Ninguém nasce consumista, se torna. Dito isso, você sabe porque além dos adultos crianças estão se tornando consumistas cada vez mais cedo?

Em tempos onde crianças são expostas as telas o tempo todo, um problema passa desapercebido pelos lares: o consumismo infantil de gerações de crianças hiperconectadas esta aumentando.

Não importa a classe social, gênero, faixa etária, crença ou poder aquisitivo. Todos nos estamos sendo impactados inconscientemente pela internet a consumir cada vez mais.

Diferente dos adultos, as crianças estão em desenvolvimento e o cérebro não tem fermentas para distinguir o que consumir ou não. E o fato de estar expostos a propagandas o tempo todo faz das crianças uma presa fácil.

Mesmo em tempos onde a publicidade era feita por jornais, revistas e TV’s impulsionavam o consumo sem se preocupar com o estrago de produtos industrializados na vida dos pequenos.

O acesso à internet alterou nossas experiências de consumo. Antes era preciso sair de casa para ir às compras, e os pais determinavam a compra. Hoje, as facilidades do e-commerce projetaram um cenário feito com um click, não importando a idade de quem esteja realizando a compra, já que temos a mania de deixar nossos cartões de credito plugados na empresa que mais utilizamos.

Em seu livro criança e consumo Maria Clara Sidou diz que é relevante falar sobre a publicidade nesse contexto de YouTubers e influenciadores digitais, porque essas novas formas nem sempre são sinalizadas como anúncios, o que torna nebulosa a persuasão dentro do entretenimento dos vídeos no contexto infantil.

Sabemos que existe um prazer genuíno em adquirir, seja para satisfazer nossas necessidades, sonho de consumo, ou mesmo uma carência. Mas, infelizmente, a publicidade se apodera de uma prática ilegal que leva crianças cada vez menores ao consumo ilimitado.

Segundo o instituto Alana, crianças até os 12 anos não sabem diferenciar o que é propaganda do que é entretenimento. E as empresas partem dessa premissa para estimular o consumo desde muito pequeno, afinal a criança de hoje é o cliente de amanha.

Os impactos do consumismo de hiperconexao são vistos o tempo todo. Seja em crianças com obesidade infantil, erotização precoce, consumo precoce de tabaco e álcool, estresse familiar, banalização da agressividade e violência.

Mas o que faz as crianças hiperconectadas se tornarem consumistas? Elas sentem-se mais atraídas por produtos e serviços que sejam associados a personagens famosos, brindes, jogos e embalagens chamativas. Mas isso não faz delas pessoas mais maduras que escolhem o que consumir de forma ética.

Quando isso é pulverizado nas mídias 24 horas por dia e 7 dias por semana, certamente teremos crianças hiperconectadas sem a noção de controle sobre o próprio corpo e mais propensos aos vícios.

As crianças são um alvo importante, não apenas porque escolhem o que seus pais compram, mas também porque desde muito jovens tendem a ser mais fiéis a marcas e ao próprio hábito consumista que lhes é praticamente imposto.

Então como evitar crianças hiperconectadas e consumistas? Precisamos falar mais sobre o assunto. E como fazemos isso?

Nas escolas:

Em ambiente controlado, as escolas podem fomentar grupos, competições e debates sobre o consumismo e temas relevantes, monitorando essas atividades para informar aos pais como seus filhos se sentem em relação à vontade de comprar.

No Trabalho:

Gestores e equipes atentas exercitam roda de conversas e instrução sobre o tema e balizam os pais a estabelecer regras para um consumo mais equilibrado, comando pela máxima: Que filhos você quer deixar para o mundo?

Nos lares:

Por mais que se fale dos benefícios das telas o ideal é passar menos tempo na frente dela. Quando se restringe o uso das crianças aos meios digitais os pais precisarão começar dando o exemplo e buscando estratégias de dedicação de tempo aos filhos e isso é uma atividade que precisa de disciplina, dedicação e amor.

Lembre-se: Tecnologia é ferramenta, não brinquedo.

Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia.



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