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Opinião
Sexta - 04 de Novembro de 2022 às 13:43
Por: Sonia Mazetto

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Aproveito este espaço para fazer um manifesto, bem opinião mesmo. Nestes últimos dias tenho conversado com alguns músicos sensacionais que farão parte de um importante projeto e o discurso é o mesmo: não consigo viver só da música, tenho que trabalhar em outras áreas para não desistir de fazer o que eu amo. Tocar e cantar.

Isso me deixou muito triste e de certa maneira, indignada. Ainda no século em que vivemos, onde vivenciamos muitas mudanças sociais e culturais, a situação desse profissional artista é muito desvalorizada. O que persiste é um velho pré-conceito de que quem é músico é porque não tem profissão.

O duro é ver que muitas pessoas agem reforçando essas ideias. É comum encontrarmos os músicos ali em um cantinho, quase esquecido como uma decoração da mesa. Mas a questão é que o trabalho desse profissional está dando um brilho ao ambiente, levantando astral. Afinal, é muito bom ouvir uma música, não é mesmo?! É outra vibe, como dizem os jovens.

Muito se deve ao próprio tratamento que damos, uma vez que o que mantém o cotidiano e alegria do dia a dia são os cantores que estão nas ruas, bares e casas noturnas. É um absurdo saber que um profissional que toca ou canta durante 3 horas seguidas chega a ganhar R$ 300 na região. Imagina cantar ou tocar por três horas!

Uma tentativa para valorizar estes profissionais foi o couvert artístico, uma alternativa criada para que os músicos levassem público aonde fossem tocar, porque quanto mais gente, mais ele ganha, e como consequência o proprietário também. Mas, vendo que os músicos passaram a receber mais, o egoísmo bateu à porta, e o couvert deixou de existir como tal na maioria dos estabelecimentos. Graças à ganância de muitos empreendedores, o benefício merecido passou a ser mais uma forma de ganhar dinheiro, mas, infelizmente, só para o dono

Acredito que o primeiro passo seja uma mudança em nós, em cada um. Reconheça, valorize e divulgue os cantores, seja pelo simples ato de saber o nome ou pagando devidamente. Não é porque ele está com um instrumento e gosta de cantar que pode parar uma ou duas horas do dia para servir de entretenimento de graça. Ali tem um trabalho tão importante quanto o seu, e deve ser tratado como um profissional.

A segunda mudança deve vir dos proprietários dos bares e restaurantes. Impedir que o outro profissional que trabalha pelo bem do seu negócio cresça é uma ingenuidade. A construção se faz em conjunto. Quantas pessoas vão a um local porque gostaram da música? Investir nesse profissional, e acima de tudo pessoa, é reconhecer que não há crescimento se todos os envolvidos trabalharem por uma causa.



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