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Opinião
Domingo - 19 de Fevereiro de 2023 às 09:08
Por: Marcelo Augusto Portocarro

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Todas as vezes que somos tolerantes perante situações que sabemos estarem erradas somos permissivos. O transito é uma delas, e serve de bom exemplo quanto à permissividade, pois a cada esquina a praticamos constantemente. No entanto, a falta de respeito às leis do setor é considerada por muitos uma transgressão permissível.

Triste realidade até para os que se dizem bem instruídos. Seja de qualquer credo, raça ou situação social, pouca gente respeita muita coisa quando se trata de conviver com o transito. Nesse quesito, quase todos querem mesmo é ganhar tempo, como se agindo assim levassem algum tipo de vantagem.

A começar como pedestres – Os pedestres, invariavelmente, atravessam as ruas em qualquer lugar. Para muita gente as faixas exclusivas são estorvos que se prestam mais à perda de tempo. No entanto, existe lei (Lei 9.503/97) que orienta o cidadão sobre como agir, sendo seu dever fazer gesto com o braço indicando a intenção de atravessar a pista e aguardar a parada dos veículos, mas ninguém lhe dá importância, ainda mais se estiver com o telefone celular na mão. Simplesmente param frente a faixa de pedestre e esperam que os motoristas adivinhem que pretendem atravessar.

O que dizer do comportamento como usuários de transporte coletivo – aí então, há ainda mais prodígios no desrespeito a tudo e a todos. Para que esperar o ônibus no ponto de parada se aquele local é mera formalidade, até porque o sinal de transito fica bem ali, na esquina, e lá são obrigados a parar. Essa situação está tão imiscuída em nossas mentes que tem gente que reclama quando não acontece. Não é um primor de permissividade?



Um caso emblemático e corriqueiro é o que acontece nos sinais de transito

Quando há disposição de ir ao ponto de ônibus o agravante é que a maioria dos usuários não considera as prioridades. Nestas ocasiões vale a Lei de Gerson (pobre Gerson, sempre levando a culpa) , aplicada pelos que correm para entrar primeiro no coletivo. O pior, é que o motorista vai abrir a porta para estes “cidadãos exemplares” sem nenhuma consideração.

Motoqueiros e ciclistas – Nessas condições, como sempre, a impunidade prevalece. Nelas, seguem ruas a fora na contramão ou em cima das calçadas sem dar muita importância aos outros. À motoqueiros e ciclista quase tudo é permitido, melhor dizendo, permissível. Assim, muitos pensam que todos os espaços são deles, os pedestres que saiam da frente.

Carros e outros veículos de transporte de passageiros – Como as leis de transito os consideram responsáveis por tudo que acontecer, cabe a eles a obrigação de dirigir para si e para todos. Pois é justamente aí que mora o perigo, porque nessas situações boa parte dos motoristas não respeita nada que não se mostre arriscado a seus raciocínios permissivistas.

Um caso emblemático e corriqueiro é o que acontece nos sinais de transito – Quando se deparam com um sinal amarelo, ao invés de reduzirem a velocidade para parar antes da faixa de pedestre é quase certo que alguns vão acelerar para passar antes que fique vermelho. A sensação é a de que estão em uma corrida onde o sinal amarelo é a bandeirada de chagada e precisam atravessá-la antes que isso aconteça.

Nessas ocasiões, a inversão de valores faz com que acreditem que quem passar por último será o primeiro, o vencedor, na corrida invertida contra a hipotética perda de tempo. Uma ironia desastrosa no que se refere ao Livro de Mateus – Versículo 20:16 – da Bíblia Sagrada. (Os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos).

Certo é que essa situação é resultado da contaminação geral dos bons hábitos pela permissividade existente nos poderes da República. O pior, é que somos levados por eles a sermos permissivos até quando coíbem a aplicação da lei em benefício próprio. Daí, uma permissividade levar a outra, e assim por diante.

Vejamos a situação em relação à educação do país, onde o conhecimento e a cultura parecem estar sendo transmitidos por uma espécie de difusão por osmose como se, para tanto, bastasse estar presente em sala de aula, porque a presença vale mais que nota em prova. Nossos jovens estão sendo empurrados para a frente não pelo conhecimento que deveriam adquirir, mas sim para melhorar as estatísticas do setor.

De maneira geral, é isto que acontece com os investimentos públicos quando da contratação de obras de qualquer natureza pelos diversos setores dos governos federal, estaduais e municipais. Nesse sentido, cada vez mais vemos nosso dinheiro sendo gasto na contratação de obras públicas faraônicas onde reinarão suas excelências, para muito pouco devolverem aos cidadãos em retribuição pelos impostos pagos.

Em um país onde tudo que é degradante parece estar voltando a ser permissível e exigir respeito, dignidade, moralidade, saúde, segurança e educação é tido como atividade antidemocrática nada mais resta, senão esperar pelo caos.

Marcelo Augusto Portocarro é engenheiro civil



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