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Opinião
Sábado - 25 de Fevereiro de 2023 às 07:05
Por: Lucineia Soares

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Ao Mercado tudo, ao povo nada!!! Há dois pontos importantes na área da economia sendo discutidos recentemente. O primeiro trata-se de uma queda de braços entre o presidente Lula e o presidente do Banco Central, referente a política de juros aplicada pelo banco e que atinge principalmente o setor produtivo brasileiro.

Recentemente um grupo de economistas, de todas as ordens e orientação política, escreveu um manifesto contrário à política de juros vigente no Brasil. Justificando entre outras questões que o Brasil é uma exceção ao manter a maior taxa de juros do mundo, mesmo considerando a guerra na Ucrânia.

A taxa de juros atual desestimula o crescimento da economia ao impedir que os empresários recorram aos créditos bancários para investirem nas suas empresas e consequentemente contratem mais trabalhadores, ampliando os números de empregos formais, a renda e o consumo, fazendo assim a economia girar.

Mas quem se beneficia com os juros altos? O Mercado Financeiro. Agora, o que é o Mercado Financeiro??


O Mercado é um conglomerado de instituições como a Bolsa de Valores, a Comissão de Valores Imobiliários, o próprio Banco Central, os bancos, entre outros.

Além disso, para concretizar um pouco mais a ideia do que é esse “Mercado”, podemos usar como exemplo as Lojas Americanas, a qual da noite para o dia mudou de “empresa perfeita”, eficiente, eficaz e efetiva (conceitos que o Mercado adora usar) para a que comunica aos shopping centers que não pagarão mais seus aluguéis, pasmem.

O mesmo Mercado que diz que o Estado não pode intervir na economia já lança rumores de que é preciso que o Estado “ajude” a empresa.

O Mercado só não concorda com a intervenção do Estado quando o objetivo é amparar os trabalhadores e trabalhadoras, garantir os direitos, fiscalizar a precarização, o aumento da carga de trabalho, as condições de trabalho etc.

Por conseguinte, o segundo ponto trata da isenção do pagamento do imposto de renda anunciada recentemente pelo governo. A partir de 2024 quem recebe até dois salários-mínimos não pagará mais o imposto. Dito isso, serão 5 milhões de pessoas que deixarão de pagar... Um pequeno avanço considerando a necessidade dos trabalhadores.

Segundo o Sindifisco Nacional (Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal), caso a isenção fosse para quem ganha até 5 mil reais, seriam 30 milhões de pessoas (professores, equipes de enfermagem, servidores públicos, o pequeno e médio empresário, entre outros).

Diante do exposto, esses dois pontos impactam na retomada do crescimento econômico brasileiro: o primeiro, ao possibilitar que as empresas e movimentos criativos possam emprestar dinheiro e assim ampliar sua produção.

Enquanto isso, no segundo, ao reduzir os impostos pagos pelos trabalhadores, esse dinheiro que antes era usado para o pagamento de tributos, será direcionado para o consumo de produtos e serviços (normalmente nas localidades ao redor de sua residência), fomentando assim o comércio local e, consequentemente, aumentando o lucro dos pequenos e médios produtores e empresários.

O Mercado com certeza mobilizará a mídia argumentando que a redução da receita vindo dos impostos pagos pela classe trabalhadora irá impactar nas Contas do Governo, gerando déficit. Uma das soluções apontadas pelo Sindifisco Nacional é a tributação dos mais ricos.

Sendo assim, que tal o Mercado começar a pagar imposto de renda - tipo sobre os lucros e dividendos - já que não o pagam desde 1996.

Neste caso, estamos falando de privilégios fiscais e tributários, os quais explicam muitos milionários e riquezas que não são frutos somente do próprio trabalho.

É preciso coragem para atender à População e deixar o mercado assumir um pouco dos riscos da livre iniciativa e da famosa mão invisível do mercado.

Lucineia Soares é economista, mestra em Política Social e doutora em Sociologia.



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