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Opinião
Terça - 30 de Maio de 2023 às 04:05
Por: Luiz Henrique Lima

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Vinicius Jr. é um jovem negro de 22 anos, de origem pobre, do município de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Formado nas divisões de base do Flamengo, clube que o profissionalizou, hoje joga no Real Madrid e é considerado um dos melhores jogadores de futebol do planeta na atualidade.

Atacante talentoso, com belas arrancadas, dribles habilidosos e passes precisos, Vini Jr. foi o autor do gol decisivo na final da disputadíssima Champions League no ano passado, quando sua equipe derrotou o Liverpool por 1 x 0. Infelizmente para nós, brasileiros, Vini Jr. não foi bem aproveitado na Copa do Mundo de 2022, por um técnico desconectado da realidade do futebol brasileiro e mundial.

Infelizmente para nós, brasileiros, Vini Jr. não foi bem aproveitado na Copa do Mundo de 2022, por um técnico desconectado da realidade

Há vários anos, desde que assinou seu primeiro contrato profissional, Vini Jr. desenvolve ações de assistência social junto a comunidades carentes de São Gonçalo, tendo criado o Instituto Vini Jr. dedicado à multiplicação da tecnologia e do esporte para uma educação de qualidade.


Mas o golaço de Vini Jr. a que se refere o título foi assinalado fora dos gramados no domingo 21 de maio. Neste dia, pelo menos pela décima vez, Vini Jr. foi vítima de violentas agressões racistas no estádio de Valencia. E pior, após uma manipulação de imagens pelo árbitro de vídeo, foi expulso de campo após ter sido agredido por um jogador adversário.

O jovem negro brasileiro não abaixou a cabeça, não aceitou as injúrias, não se calou. Racismo não tem justificativas e não tem perdão. Vinicius denunciou em alto e bom som o racismo dos torcedores e a conivência das autoridades esportivas. Foi um golaço e um nocaute nos racistas.

O impacto da reação/protesto de Vini Jr. foi extraordinário. Em poucas horas recebeu a solidariedade e o apoio de centenas de milhares de pessoas manifestando-se contra o racismo. A tatibitate resposta inicial do presidente de La Liga, notoriamente ligado a extrema-direita espanhola, indignou ainda mais a opinião pública mundial. Um a um, grandes ídolos esportivos, do Brasil e do exterior, do futebol, do basquete e da Fórmula-1, artistas e intelectuais consagrados, lideranças religiosas e políticas expressaram respaldo à atitude de Vini Jr. O garoto humilde de São Gonçalo alcançou protagonismo mundial na luta contra o racismo no esporte.

Mais que tudo, o atleta recebeu o carinho do povo brasileiro que se identifica com sua trajetória de vida, que se encanta com o carisma de seu sorriso aberto e que torce por seu sucesso independentemente da camisa que esteja vestindo no gramado. Nosso povo ficou revoltado com a violência estúpida das ofensas racistas. A turba de energúmenos em Valencia, ao agredir Vini Jr., atingiu a todos nós.

Ao reagir com coragem, firmeza e dignidade, Vini Jr. falou por todos nós.

Na realidade, quase todos. Só a extrema-direita brasileira silenciou. Nenhum dos seus representantes neofascistas deu um pio nas redes sociais, nas quais são ruidosos propagadores de fake news. É que o racismo é uma realidade cotidiana e cruel em nosso país. Por isso, a luta antirracista não deve se limitar à Espanha ou aos estádios de futebol. Deve ser aqui e agora, diária, robusta, abrangente e incessante. E há de ser vitoriosa!

Luiz Henrique Lima é doutor em Planejamento Ambiental e professor



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