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Opinião
Quinta - 29 de Junho de 2023 às 04:42
Por: Rosana Leite Antunes de Barros

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É no dia 28 de junho de cada ano que se comemora o “Orgulho LGBTQIAPN+”. E, ano após ano, a data vem se valorizando e sendo reconhecida como imprescindível para o calendário dos Direitos Humanos no país.

Primeiramente, a palavra orgulho diz respeito ao sentimento de valor e reconhecimento de uma pessoa, ou de própria conquista pessoal.

Etimologicamente, o vernáculo orgulho advém do termo orgull, do catalão, que significa o conceito exagerado de si mesmo, com altivez, brio, dignidade e soberba. Sem dúvida, o termo é repleto de sentimento positivo sobre si.

E foi justamente o que o segmento LGBTQIAPN+ buscou com a representatividade da data. Não há qualquer necessidade em se envergonhar do que é, seja qual for a orientação sexual ou a identidade de gênero.


O dia diz muito sobre o significado político, principalmente em razão do sistema heteronormativo, com as respectivas tradições carregadas. E é justamente essa falta de orgulho que tem assassinado tantas pessoas.

A estima, ou o carinho que cada qual guarda de si, juntamente com as pessoas próximas, é o suficiente para o entendimento do quanto essa data guarda a ideia e ideal de dignidade.

Eve Kosofsky Sedgwick, em resumo, reflete sobre o “armário” como regulador da vida da comunidade LGBTQIAPN+, fazendo um paralelo com os heterossexuais, quanto a privilégios e valores. Segundo a escritora, é o “armário” o marcador da vida desse segmento. Todavia, as mudanças tem sido reais, mesmo com as regras contraditórias e limitações ainda visíveis.

Ninguém deve ser envergonhar do que é. Ou seja, da forma como nasceu e pretende ser reconhecido ou reconhecida socialmente. As letras que aumentam e criam significados a cada momento, nos oportunizam a pensar o quanto é preciso crescer junto a todas, todos e todes.

Nada é imutável. O amigo Clóvis Arantes, militante importante desse movimento, lembra incansavelmente quanto à lacuna legislativa brasileira. Sim, não existem normas a cuidar dos direitos LGBTQIAPN+ no país. Inclusive, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento histórico e importante, reconheceu a homofobia como crime similar ao racismo.

O Conselho Nacional de Justiça, de outro turno, através do Provimento 73/2018, ditou sobre a desnecessidade de judicialização para a mudança de nome e gênero de pessoas trans, trazendo maior facilidade.

Estereótipos estão cheios, repletos... Mais ou menos como se os direitos não abarcassem a todas as pessoas. Ou, como a se a Constituição Federal devesse ser cumprida para algumas pessoas, devendo outras ficarem de fora... A sociedade livre, justa e igualitária ainda é sonho. Perseguir é meta!

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.



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