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Opinião
Sexta - 08 de Dezembro de 2023 às 11:19
Por: Renato Gomes Nery

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Algumas coisas fogem do senso comum da razoabilidade e da compreensão das pessoas, uma delas é o desmatamento no Brasil que diminui, mas não estanca.

A redução pode ser razoável, mas ainda é imensa. Segundo o Jornal Nacional, o Cerrado possui menos da metade da área da Amazônia. O desmatamento no Cerrado aumentou vertiginosamente pelo 4º ano consecutivo.

E que este bioma mais frágil já teve mais de 11.000 km2 de área desmatada (julho/22 a agosto/23) o que corresponde a 200 km de comprimento (distância de Cuiabá/Rondonópolis) por mais de 50 km de largura, o que é absurdo! Assevera a matéria levada ao ar, no dia 28.11.2023:

“Enquanto presenciamos ações efetivas contra o desmatamento na Amazônia, os dados para o Cerrado estão na contramão. Considerado a savana com maior biodiversidade do planeta, ele é também um dos biomas mais ameaçados, pois conta com uma proteção ambiental frágil e, consequentemente, com sucessivos recordes de desmatamento, comentou Edegar de Oliveira Diretor de Conservação e Restauração da WWFM-Brasil”.


O certo de tudo isto é a comprovação de que não damos conta de preservar os nossos biomas. Na década de 70 do século passado, algumas vozes na Europa queriam internacionalizar a Amazônia o que levou o Governo a promover e intensificar a ocupação deste espaço, com o lema: vamos integrar para não entregar.

Resultou disso a marcha para o oeste que entre outras medidas surge a divisão do Estado de Mato Grosso e na ocupação, por aqui, de toda a porção norte/oeste do Estado, com explosão de produção de carne e grãos.

Eu sou leigo nesta questão e peço desculpas se cometer alguns deslizes, mas me vejo no dever de colocar o bedelho nesta tormentosa questão, como cidadão comum, que se intriga com algumas coisas que fogem da razão e da compreensão.

Noticia-se que a área degradada pelo desmatamento é enorme e que se fosse recuperada dobraria a produção de alimentos. Portanto, não é preciso “abrir a porteira para deixar a boiada passar”, como pregava um ministro do Governo anterior, para se desmatar impiedosamente o que temos em pé e que a natureza levou séculos para construir.

O Cerrado é grande e a Amazônia é muito maior, mas se continuarem a serem desmatados, mesmo em percentuais menores, a cobertura vegetal destes biomas irá certamente terminar em pouco tempo, numa época em que o calor é intenso e as enchentes estão a incomodar, rumando, em macha batida, para tornar este planeta inabitável.

Recuso-me a acreditar que não temos meio e tecnologia para evitar que esta hecatombe anunciada cesse completamente. O que dá a entender, pelo acima exposto, é que o que foi afirmado, na década de 70 do século passado, continua a nos desafiar: não temos capacidade para cuidar do que temos.

Portanto, meu caro leitor, continuamos, aos trancos e barrancos, nestas e em outras questões. Enfim, a nossa antiga ineptidão e incapacidade, infelizmente, ainda nos derrotará impiedosamente.

Renato Gomes Nery é advogado.



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