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Opinião
Segunda - 22 de Janeiro de 2024 às 06:31
Por: Neila Barreto

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O Tanque do Bahú, um tanque para acumular água, foi construído no governo de Alexandre Manoel Albino de Carvalho, Presidente da província de Mato Grosso, nomeado por Carta Imperial de 21/05/1863, que governou a província de 15/07/1863 a 09/08/1865.

A escassez de água era o maior reclamo da população, uma vez que se agravava no período da seca e nos meses de estiagens, quando bicas e fontes se tornavam insuficientes para atender à população com o precioso líquido, nas áreas de maior concentração urbana de Cuiabá.

Pressionado pela população de Cuiabá, o presidente tomou a decisão de construir um açude próximo à igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, mais conhecido como Tanque do Bahú, para suprir as necessidades de água doce potável dos moradores da localidade, uma vez que a essa época não havia serviço de distribuição de água para a cidade, inaugurado somente em 1882.

Era um reservatório de água potável e aprazível local de passeio, mas que ficou caído no abandono público. Moutinho conta que o açude do Bahú teve arborização em torno, com bancos de madeira à sombra.



Os moradores da cidade de Cuiabá-MT em 1874 abasteciam de água doce potável em um “Tanque Público” no fim da rua Corumbá, no Bahú, além dos Chafarizes do Rosário, Prainha, Mandioca e Mundéu.

Havia também, mais ou menos próximos ao centro da cidade, outros pontos de abastecimento de água potável, como o Tanque Natural, o Poço da Lixeira, dois poços vizinhos ao Tanque do Baú, etc. Hoje ainda resta vestígios de água em um tanque representando o passado. Uma fonte ainda jorra no local, lá pelas bandas da Lixeira.

Em função da precariedade da água doce potável para o abastecimento da cidade em 1877, o presidente da província proibiu que roupas da Santa Casa de Misericórdia e da Enfermaria Militar fossem lavadas no tanque do Bahú, determinando que passassem a ser lavadas no rio Cuiabá.

A estrutura física do Tanque do Bahú foi demolida para dar lugar a Avenida Rubens de Mendonça e restou muito pouco no que se refere a documento sobre este extinto monumento da segunda metade do século XIX.

O Tanque do Bahú, emprestou o nome ao bairro do Baú cujo nome “Baú” originou-se de uma pepita de ouro, em forma de um baú, encontrada pelos bandeirantes às margens do Prainha, a partir daí todos passaram a chamar o local de Baú, constituindo sobremaneira parte fundamental da história cuiabana, conta a história, sem documento a provar.

Outra versão contada por moradores antigos é que tinha um buraco bem fundo, que, quando chovia muito, transbordava e se transformava em uma espécie de tanque, herança deixada pelos garimpos na região. E, como a região era muito rica em ouro, foi acrescentado ao nome a palavra baú, local onde se guarda tesouros e então o local passou a ser chamado de “Tanque do Baú”, que, mais para frente, se transformou em “Bairro do Baú”. Daí o nome Tanque do Baú. Deve ter outras versões por aí. Que apareçam.

Pontos de concentração de pessoas, fontes, chafarizes, cacimbas, tanques e bicas foram pontos urbanos sempre atentamente vigiados e (...) passam a ser normatizados os horários de coleta de água. As denúncias das autoridades policiais se intensificaram, obrigando a criação de sentinelas (...). No Tanque do Bahú não era diferente.

Essa região bem como muitas outras na área urbana de Cuiabá, existiam muitas minas de água. Provavelmente, esse Tanque era suprido com água de mina e o seu efluente desaguava a 100 metros, na margem esquerda do córrego da Prainha, informou o eng. Noé Rafael da Silva, professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso.

Infelizmente não existe possibilidade alguma de restaurar essa área muito menos o tanque, apenas conhecer a história da sua construção e a sua importância para a formação do bairro Baú pois, o local foi aterrado para dar lugar a avenida Rubens de Mendonça, mais conhecida como avenida do C.P.A. De um lado está o hospital e maternidade Fémina e de outro lado a loja Decorliz. São aproximadamente, referências de local por onde, mais um menos situava o Tanque do Bahú.

Neila Barreto é jornalista, historiadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.



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