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Opinião
Quarta - 28 de Fevereiro de 2024 às 00:02
Por: Rosana Leite Antunes de Barros

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Assim como 2.023, o presente ano tem apresentado índices lamentáveis de mortes de mulheres pela condição de gênero. Até o momento, aproximadamente nove famílias sofrem tão lamentável e irrecuperável perda.

D.F. da S., 46 anos, foi assassinada pelo companheiro em 07 de janeiro de 2.024, em Comodoro/MT, através de estrangulamento e golpes de cabo de madeira na região da cabeça. Após o cometimento do delito, para ocultar o feminicídio, o homem a enterrou em cova rasa próximo a um galinheiro. R.J.N., 61 anos, foi agredida pelo marido em 10 de dezembro de 2.023, no município de Santa Terezinha/MT. No momento, foi socorrida pela neta que a encontrou totalmente despida.

Foi encaminhada para Várzea Grande para tratamento, após ter sofrido um acidente vascular cerebral, em decorrência dos ferimentos, falecendo em 10 de janeiro deste ano. Já F.A.N., 35 anos, foi assassinada pelo companheiro em Lucas do Rio Verde/MT, no dia 15 de janeiro deste, quando câmeras de segurança filmaram toda a ação criminosa.

A vítima tentou reagir, mas as perfurações no pescoço, tórax e rosto acabaram por ceifar a sua vida. A jovem M.R.M, de 22 anos, mulher trans, foi encontrada morta às margens da MT-485, entre os municípios de Lucas do Rio Verde/MT e Sorriso/MT, no mesmo dia em que o homem que a matou foi preso em flagrante, tendo confessado o crime. A mulher foi encontrada enrolada em uma lona plástica com perfurações de faca.


M.C.V., 37 anos, foi morta a tiros quando saía do trabalho, um bar em Sinop/MT, na madrugada do dia 09 de fevereiro de 2.024. A mulher foi morta com um tiro no rosto, na frente do filho de 06 anos de idade. Não há conclusão da investigação sobre esse crime, estando em análise quanto a se cuidar de homicídio ou feminicídio. G.B.F., 25 anos, foi morta pelo companheiro a tiros, no dia 11 de fevereiro do corrente ano, após briga do casal, em Santo Antônio do Leverger/MT. Segundo narrado por testemunhas, após o cometimento do delito, o agressor ameaçou outras pessoas e tentou contra a própria vida também. V.A.C., 48 anos, foi morta pelo ex-marido em Cáceres/MT, dentro do bar que era proprietária. Com vários golpes de faca, e alegando não suportar o término do relacionamento amoroso, o homem retira da mulher o direito de continuar vivendo.

J.R. do N., 31 anos, estava grávida, e foi encontrada morta no município de Peixoto de Azevedo/MT, no dia 18 de fevereiro de 2.024, com sangramento e marcas de mordidas, tendo sido apontado pela perícia o pescoço quebrado. O ex-namorado na mulher é o suspeito do cometimento do crime. J.A.B.F., 19 anos, morreu após 3 meses internada para tratamento de uma grave lesão na cabeça. O fato aconteceu em São José do Rio Claro/MT, e o companheiro afirmou que a mulher caiu da cama e bateu a cabeça. O caso está sendo investigado, porquanto, o trauma na cabeça foi muito grave.

No ano de 2.023 foram registrados em Mato Grosso 46 feminicídios, segundo a superintendência do observatório de segurança pública de Mato Grosso. Somente em janeiro deste ano foram registradas 1.473 ameaças a mulheres, com um aumento estatístico de 8% relacionado ao ano anterior.

Os feminicídios possuem o condão de extirpar a vida das mulheres, com ações extremamente abomináveis. Onde eles acontecem, elas vivenciam verdadeiros filmes de terror. Muitas das mulheres vítimas de feminicídio já vinham sendo “mortas” aos pouquinhos. Até quando a sociedade continuará suportando que os agressores de mulheres determinem por quanto tempo elas devem viver?

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.



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