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Opinião
Quarta - 27 de Abril de 2011 às 14:55
Por: Mario Eugenio Saturno

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A imprensa divulgou o resultado dos testes realizados em ônibus movidos a diesel de cana apontando uma redução de 40% na emissão de poluentes. Isso é uma boa notícia, não só pela redução da poluição, um grande problemas das grandes cidades com São Paulo, mas também pela produção de diesel a partir da cana-de-açúcar.

Infelizmente, essa tecnologia não foi desenvolvida no Brasil, foi desenvolvida pela empresa Amyris, localizada na Califórnia. O processo é parecido com o da produção de etanol, que utiliza leveduras para fermentar os açúcares da cana e secretar etanol. A grande inovação da Amyris é a levedura geneticamente modificada para produzir diesel ao invés de álcool. Na verdade, é uma substância chamada farneceno, que tem 12 átomos de carbono, as propriedades do diesel de petróleo e nada de enxofre. Outra vantagem é que as adaptações necessárias nas usinas para produzir o diesel são poucas.

O diesel de cana figura como mais uma energia renovável. E como o Brasil consome 45 bilhões de litros de diesel, sendo que cinco bilhões precisam ser importados, podemos observar o grande potencial de produção. O sucesso vai depender do custo da produção em larga escala. É esperado que seja igual ou inferior ao do diesel de petróleo e, inicialmente, está estimado em US$ 60 o barril.

Há ainda a iniciativa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) que elaborou um projeto para transformar bagaço de cana em diesel a partir da gaseificação do bagaço, que converte a biomassa em gás, e síntese do gás em diesel. Esperemos pelos resultados.

O Brasil usa três milhões de hectares para o cultivo da cana que produz o álcool, e tem capacidade de chegar a mais 22 milhões. É um negócio que atualmente não está sendo planejado, ao contrário, está sendo desperdiçado, uma vez que o capital estrangeiro e nacional não está sendo usado para abrir novas fronteiras. Os governos precisam de diplomacia, saber negociar e associar. Podemos produzir um produto para os ricos mercados da Europa e Estados Unidos.

Ao menos o governo de São Paulo está promovendo um acordo com os produtores de açúcar e álcool para adaptar até 15 usinas por ano para gerar energia proveniente do bagaço e da palha de cana. Atualmente, a capacidade instalada para a cogeração de energia no Estado de São Paulo é de três mil megawatts. A meta do estado é chegar a 20 mil MW de cogeração em 2020.

Outro refugo da cana que começa a ser utilizado é a vinhaça. A Cetrel S.A. - Empresa de Proteção Ambiental, utilizará biodigestão para produzir o biogás, processo que utiliza bactérias na vinhaça, que produzem metano, que, por sua vez, alimentará uma turbina para gerar energia. Isso será muito bom, já que para produzir de um litro de etanol, tem-se de 10 a 14 vezes mais de vinhaça. Como o país produz anualmente 27,5 bilhões de litros de etanol... Um grande potencial.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano.



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