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Opinião
Sexta - 05 de Novembro de 2010 às 14:58
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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O “escambo” que partidos e lideranças políticas estão tentando impor ao futuro governo é, no mínimo, lamentável. Fere aos princípios de honestidade e respeito que deveriam presidir as relações entre representantes do povo que, agindo por delegação popular, deveriam ser mais éticos e buscar a certeza de que agem de acordo com o pensamento dos donos dos votos que os elegeram. O verdadeiro mercado-de-pulgas em que esses vorazes senhores e senhoras transformam o processo de montagem da nova equipe de governo, só serve para aumentar a falta de apreço que o povo tem em relação à classe política.

A montagem de um governo, especialmente nos regimes democráticos, leva em consideração a composição de forças resultantes da eleição. É normal que o governante monte sua equipe em consonância com os partidos e os parlamentares (senadores e deputados) com os quais deverá se relacionar durante o mandato. Mas tudo deve se dar dentro de alto nível e atendendo ao critério do interesse público, jamais os desejos pessoais ou de grupos.

A existência dos cargos de livre nomeação – que não carecem de concurso público – deve ser encarada como a válvula legal à disposição dos governantes para o aproveitamento de bons parceiros e de profissionais de reconhecida competência e desempenho que concordem em oferecer temporariamente, como voluntário, o seu trabalho ao governo. Ministros, secretários executivos, diretores e outros ocupantes dos cargos ditos “de confiança” devem ser aquelas figuras notórias, comprometidas em servir ao pais, que vão ajudar o governante a “carregar o piano” sem que ele sofra avarias e nem ao menos desafine durante o transporte. Têm de ser figuras especiais, que assumam as funções conscientes de que o trabalho é temporário e não deve ser encarado como meio de vida e, muito menos, como forma de se locupletar com mordomias indevidas ou o enriquecimento auferido via tráfico de influência.

A presidente Dilma e os governadores eleitos, por mais que necessitem do apoio dos partidos e parlamentares no exercício do mandato que se inicia a 1º de janeiro vindouro, jamais poderão ceder às pressões dos abutres da política. Não podem se desviar do caminho do interesse público e da ética para a montagem de seus governos e, se o fizerem, correrão o risco de permanecer, para sempre, reféns do baixo clero. O coronelismo, as oligarquias e o compadrio são maus exemplos que devem ficar no passado e não podem prevalecer, em pleno Século XXI, fazendo mal ao Brasil.

Em vez de ceder aos verdadeiros achaques, os futuros governantes, com a representatividade dos votos que receberam nas urnas, têm o dever cívico e patriótico de rechaçar todas as pressões e denunciar aqueles que insistem em transformar o processo num balcão de negócios. Isso faz parte da tarefa de transformar o país e prepará-lo para o seu grande futuro de potência mundial... 


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br 



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