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Quinta - 03 de Fevereiro de 2011 às 16:46

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O secretário Eder Moraes e o senador Blairo Maggi
O secretário Eder Moraes e o senador Blairo Maggi

O secretário-chefe da Casa Civil, Eder Moraes, interpelou judicialmente o MidiaNews por conta de duas reportagens publicadas, em dezembro do ano passado, referentes ao caso de corrupção no governo do Estado que ficou nacionalmente conhecido como "Escândalo dos Maquinários".

No episódio, foram desviados R$ 44 milhões dos cofres públicos na compra de 705 máquinas e caminhões - R$ 20,5 milhões são relacionados ao sobre preço na compra dos maquinários e R$ 23,8 milhões superfaturados na compra dos 376 caminhões basculantes. O próprio governo admitiu, publicamente, o rombo.

O episódio resultou em duas ações civis públicas, de autoria do promotor Mauro Zaque, do Ministério Público Estadual, contra os ex-secretários Vilceu Marchetti (Infra-Estrutura) e Geraldo De Vitto (Administração).

Zaque, nas ações, classifica Vilceu Marchetti com um verdadeiro "capo" de organização criminosa. "Capo" era o termo pelo qual eram conhecidos os chefes da máfia italiana.

O inquérito criminal, feito pela Delegacia Fazendária, está em análise pela promotora Ana Cristina Bardusco, para oferecimento ou não de denúncia.

"Campanha difamatória"

No documento, Eder reclama que vem "sofrendo pelos meios de comunicação, especialmente os sites eletrônicos (sic), a mais acapachante (sic) campanha difamatória com inclusão do seu nome em razão do acontecimento do ‘Escândalo dos Maquinários"".

Na interpelação, o secretário - considerado "homem forte" do governador Silval Barbosa - reclama de duas reportagens: uma do repórter Bruno Garcia, do MidiaNews, e outra reproduzida do site Olhar Direto, assinada pelo seu editor, Marcos Coutinho.

O texto do MidiaNews (click e confira: http://bit.ly/dLZa0z) relata a possível participação de outros ex-secretários de Estado no episódio: Eder Moraes (na época secretário de Fazenda); o major da PM Eumar Novacki (atual assessor do senador Blairo Maggi, e que à época estava na Casa Civil); e o suplente do senador eleito Blairo Maggi, José Aparecido dos Santos, o "Cidinho", ex-secretários de Projetos Estratégicos.

"Em entrevista ao programa Tribuna Independente, da Rádio Cidade, Mauro Zaque confirmou a existência de informações sobre essa suposta participação, mas ressaltou que, durante suas investigações, não encontrou fatos que justificassem a inclusão dos três nas ações civis públicas. Apesar da informação, Mauro Zaque não descartou a possibilidade de abertura de novos procedimentos de investigação quanto ao rombo de R$ 44 milhões", diz trecho da reportagem.

Já o texto do Olhar Direto (confira aqui: http://bit.ly/hKZk0E) reporta que o governo, na ocasião de sua publicação, não revelava o quanto já teria sido recuperado dos "R$ 44 milhões surrupiados dos cofres públicos".

"Nos bastidores de ambas as pastas, o segredo impera de forma negativa. Aliás, o próprio segredo de justiça, decretado para o caso, é questionável visto que "não se pode esconder ou decretar segredo judicial quando crimes são ou forem perpretados contra a administração pública", garante um advogado da própria base aliada do governador Silval Barbosa. E há muito a ser revelado sobre o caso, considerado o maior escândalo da administração pública estadual", diz o texto.

"Eder Moraes Dias, comandante-em-chefe da Casa Civil, está encastelado há muito tempo e coloca a cabeça no buraco quando se toca no assunto do "rombo" milionário dos R$ 44 milhões. É bom que se diga que toda a articulação política para a distribuição das máquinas passou pelo crivo do então vice-governador Silval Barbosa, pelo ex-secretário de Assuntos Estratégicos, José Aparecido dos Santos, o Cidinho, atual suplente de senador, e pelo próprio Eder Moraes", afirma outro trecho do texto de Coutinho.

"Paz interior"

Segundo Eder, a reportagem do MidiaNews "é cheia de guetos de subjetividade e contraditória". "Ao longo de todo o ano de 2010 o site MidiaNews vem atacando a pessoa do Sr. Eder Moraes", diz a interpelação.

O secretário-chefe da Casa Civil afirma que, na qualidade de secretário de Estado, vem sentindo-se atingido na usa "honorabilidade como homem público e como cidadão".

"Razões não assistem, e não assegura tamanha agressão a imagem, quando a tranqüilidade de um homem, aliado a sua segurança no meio social que ele vive todos a conhece, sabe do seu comportamento, tanto no seio de sua família, como nos seus negócios particulares", diz trecho da interpelação.

O documento afirma que "não resta dúvida de que as levianas acusações são dirigidas diretamente à pessoa do autor que, pela qualidade de secretário, foi causadora de danos morais irreparáveis e inamovíveis".

"Foi o autor atingido em sua honra, seu decoro, na paz interior e em suas crenças íntimas", diz o documento.

Linha editorial

Segundo o jornalista Ramon Monteagudo, diretor do MidiaNews, as reportagens não tiveram a intenção de atacar a honra e a moral do secretário. "A nossa reportagem se baseia em declarações do promotor Mauro Zaque e em informações de bastidores, colhidas junto ao Ministério Público Estadual e à própria Delegacia Fazendária. Não vejo, também, ataques contra o secretário no texto do Olhar Direto", afirmou.

Segundo ele, é compreensível que a linha editorial do MidiaNews incomode. "Não perseguimos ninguém, mas perseguimos os fatos. Esse é o nosso papel e o site nunca se negou a ouvir os citados no escândalo, ou que participavam do governo à época. Mas, repito: nunca tivemos a intenção de denegrir a imagem ou atacar a moral de quaisquer membros do governo do Estado", afirmou.

"Continuaremos a nos pautar pela isenção e imparcialidade, assim como continuaremos a investigar o famigerado ‘Escândalo dos Maquinários", sem dúvida o maior caso de corrupção da história de Mato Grosso", disse.






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