Riva volta à AL e ainda como presidente

A partir do próximo 1º de fevereiro ele estará de volta e ainda na cadeira de presidente da Assembleia. José Geraldo Riva, que assumiu como deputado há 16 anos, quando ainda não era careca, teve o mandato cassado em julho deste ano por compra de votos em um processo referente ao pleito de 2006. Por causa disso, perdeu o trono de deputado mais influente da história do Legislativo mato-grossense, tanto que estava no quarto mandato e durante todo este período ou foi presidente ou primeiro-secretário da Mesa. A saída da cadeira foi temporária.

Mesmo sem mandato, com bens bloqueados e sob cerco do Ministério Público, que acusa-no de promover rombo milionário ao erário, Riva garantiu novo mandato com recorde de votação. Chegou aos 93.594. Foi o segundo mais votado do país. Ficou atrás só de Wagner Montes (PDT-RJ), que teve 528.628 votos.

Ex-prefeito de Juara, Riva acumula poder. Possui relação estreita com todas as autoridades do Estado. Para se ter ideia, no início deste mês, ele atendeu em dois dias 40 prefeitos em seu gabinete fora da Assembleia. Bem articulado, o deputado eleito e diplomado já acertou com os colegas com quem estará juntos na próxima legislatura  que voltará a presidir a AL. Nas negociações, Sérgio Ricardo (PR) continuará como primeiro-secretário e o peemedebista Romoaldo Júnior vai ser o primeiro-vice-presidente. Romoaldo é conterrâneo de Riva dos anos 1990 e de Humberto Bosaipo, que exerceu cinco mandatos de deputado, foi presidente duas vezes e hoje é conselheiro do TCE.

Mesmo aqueles deputados que se colocaram como opositores à gestão Riva, primeiro, Percival Muniz e Otaviano Pivetta e, agora, a estreante Luciane Bezerra, acabaram por recuar. Não conseguem vencer o poderio do cacique do PP que, na presidência da AL, controla um duodécimo de aproximadamente R$ 20 milhões por mês. Respaldado pelo eleitorado para reassumir o mandato e ficar na cadeira por mais quatro anos, Riva caminha solto politicamente, enquanto o Ministério Público, paralelamente, tenta "amarrá-lo" nos vários processos que movem contra o deputado, inclusive até por formação de quadrilha.

Na solenidade de diplomação dos eleitos, promovida pelo TRE na última quinta (16), Riva recebeu o seu diploma e, ao lado de um dos membros do Pleno do TRE, que havia cassado o seu mandato, vibrou de duas maneiras. Primeiro, levantou o documento com os dois braços. Depois, com apenas um dos braços e com pulso firme. Para uns, a cena não passou de comemoração, mas, para outros, foi um recado afrontoso à Justiça.