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Agronegócios
Domingo - 15 de Agosto de 2010 às 08:52
Por: Marcondes Maciel

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O IBGE anuncia que a safra brasileira 09/10 é a maior da história, alcançando 146 milhões de toneladas, volume 9% superior ao de 2009. Mato Grosso, sozinho, produziu cerca de 30 milhões de toneladas, com a safra de soja avançando para 18,78 milhões de toneladas. Os números apenas confirmam o ótimo desempenho do agronegócio, mas, por outro lado, evidenciam a fragilidade em outras áreas.

“Infelizmente, boa parte dessa riqueza vai se perder por conta da precariedade da infraestrutura”, avalia o especialista em transporte e logística, Antonio Wrobleski Filho, sócio da AWRO Participações e Logística. Ele acrescenta que, por falta de alternativa, grande parte da safra faz uma longa viagem até aos portos exportadores do Sul e Sudeste, pois precisa ser embarcada em Santos (SP) ou Paranaguá (PR), uma viagem de cerca de 2 mil quilômetros. No trajeto, parte da carga de cada caminhão cai pelas estradas.

“Hoje se sabe que durante essa viagem sem fim, cerca de 60 quilos (kg) da carga de cada caminhão se perde pelo caminho. Isso faz com que o custo de produção, em Mato Grosso, por exemplo, seja mais que o dobro do Paraná. E a diferença se explica exclusivamente pelo custo e as dificuldades do transporte”. Segundo ele, mais de 70% das rodovias utilizadas para o escoamento da carga são de péssima qualidade.

Na opinião de Wrobleski, a solução mais próxima para essa questão seria utilizar as ferrovias para o escoamento. “No entanto, as linhas são insuficientes e mais de 80% da malha está ocupada pelos setores de siderurgia e mineração”, informa o especialista.

Ele diz que também contribuiu para o problema o estado de conservação da frota normalmente utilizada. “Uma safra desse tamanho coloca cerca de 200 mil caminhões a mais rodando pelas estradas. Em sua grande maioria têm mais de 15 anos de uso, estão obsoletos e mal conservados. Isso prejudica o tempo de viagem, a segurança e aumenta o desperdício”, diz Wrobleski. (Veja quadro acima)

Segundo ele, para evitar os desperdícios é preciso construir, investir, principalmente na extensão da malha ferroviária e criação de novos portos e modernização dos já existentes. “No papel, o PAC contempla muitos avanços nessa área, mas é necessário que seja executado. Até agora, muito pouco foi feito”.

Wrobleski finaliza afirmando que é necessário fixar datas e cronogramas e as avaliações devem ser feitas em curtos espaços de tempo para verificar o andamento das obras. “Para isso funcionar, é fundamental que a sociedade e a iniciativa privada pressionem o governo federal. Afinal, se o poder público é o principal - mas não o único - responsável pela revitalização da infraestrutura de transporte no Brasil, as empresas e os cidadãos são os grandes prejudicados por seu sucateamento”, afirma.






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