Pecuária: Líder no ranking do Gir Leiteiro, Leo Machado diversifica e investe na raça Guzerá

O criador mais premiado no Gir Leiteiro da atualidade, Léo Machado Ferreira, da Fazenda Mutum, em Alexânia (GO), que figura como líder do ranking da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) - 2009 e 2010 - em todas as categorias (Criador, Melhor Expositor, Melhor Macho, Melhor Fêmea, Fêmea com Maior Produção em Concurso Leiteiro), está diversificando seu projeto, iniciando investimentos no Guzerá de linhagem leiteira, informa o empresário e criador mineiro Virgílio Villefort. O fato foi constatado no último dia 17, em Minas Gerais, com a aquisição de dois extraordinários exemplares. A propriedade detém os principais títulos e recordes em produção e vendas no Gir Leiteiro.

“A raça guzerá vai ganhar muito, com seu conhecimento e experiência. Ele é especialista no ramo de leite e é muito profissional”, afirma Villefort, ressaltando que este é o principal evento observado no mercado guzeratista neste ano.

Leo Machado adquiriu dos animais no Leilão Duplo Provado, em Governador Valadares, “por uma questão de oportunidade”, explica o criador, mas ainda que continuará investindo daqui para frente. “Gosto de começar pela parte de cima da prateleira”, ressalta. O investimento foi iniciado com a aquisição animal da raça Guzerá Bárbara TE JF, da Fazenda Ygarapés, recordista mundial em produção da Raça Guzerá em Torneio Leiteiro. Bárbara registrou média diária de 43.653 Kg de leite, produzindo 46 Kg em um deles. O animal também foi Grande Campeã da exposição de Governador Valadares e Campeã Jaca Jovem e Melhor Úbere na Feileite’07. A segunda aquisição foi Bibra do Villefort, filha de uma irmã própria da Bárbara TE JF (Ressaca), com Édipo da Alagoinha, que também o atraiu sua atenção. “Vejo muito futuro nessa novilha”, explica Machado. O investimento inicial nos dois animais foi de R$ 317.520,00, conforme o balando do leilão.

O mais novo guzeratista faz questão de dizer que está muito contente com a receptividade que teve na raça e que vai continuar investindo na linhagem leiteira Guzerá, por acreditar muito no zebu. “Guzerá leiteiro bem adaptado oferece todas as ferramentas para os criadores dispostos a crescer. O trabalho que vem sendo feito atualmente na linhagem leiteira é muito bom e temos os Testes de Progênie Moet (Núcleo de Múltipla Ovulação e Transferência de Embriões), que nos ajudam a fazer uma seleção com maior velocidade”, afirma.

Segundo o criador, existem vários criadores direcionados para a aptidão leiteira, que já selecionaram muitas matrizes com alta produção, o que deve facilitar o desenvolvimento desta raça. “Faremos um trabalho de seleção semelhante ao que fizemos com o Gir Leiteiro. Inicialmente, estou investindo em animais puros, mas pretendo fazer o Guzolando, através do cruzamento com o Holandês”, esclarece.

Bem receptividade - O presidente da Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil (ACGB), Paulo Menecucci, comemorou a entrada da Fazenda Mutum no Guzerá.  “A genética leiteira do Guzerá vai ganhar um parceiro de peso que irá contribuir muito com a divulgação do Guzerá, que vem crescendo no Brasil e se adaptando bem às nossas condições de clima”, explica. Ele ressalta que Leo Machado é um criador conhecido e respeitado e que vai valorizar ainda mais a raça, além de trazer muitos ganhos aos produtores.

Para o presidente da Associação Mineira dos Criadores de Guzerá (AMCG), Paulo Emílio de Almeida Carneiro, um criador de alguma raça zebuína não tem necessariamente que se dedicar única e exclusivamente a ela. “Temos o Virgilio Villefort que cria Guzerá e Gir, o Cláudio Sabino, que cria Guzerá, Nelore e Brahman e o doutor Gabriel Andrade que optou pelas raças Guzerá, Gir e Nelore, apenas para citar alguns exemplos. Os criadores estão percebendo agora que o Guzerá é uma ótima opção de investimento, principalmente porque ainda não se valorizou tanto no mercado brasileiro. Um apaixonado pelo zebu como o Leo Machado, pode olhar para o Guzerá de outra maneira, com bons olhos, olhos de entendido em pecuária e respeitado como é. A importância dele para a raça está no fato de que ele não é um empresário de outro ramo que está investindo em alguma raça, mas sim uma pessoa que é dedicada à seleção do Gir e que optou por diversificar no Guzerá. Isto sugere a outros criadores a também olhar o Guzerá com outros olhos investindo nesta raça”.

O mesmo otimismo traçado por Virgílio Villefort é compartilhado por outros criadores, como o senhor Gustavo Salvo, da Fazenda Canoas, tradicional seleção da marca S. “O trabalho da Fazenda Mutum no Gir Leiteiro é pautado em números e aferições o que gera sempre informação e melhoria genética e, com certeza, fará o mesmo na raça guzerá”, afirma.

Dedicação exclusiva

Juntamente com o pai, Leonídio e o filho Bruno, Leo Machado, se dedica integralmente à atividade agropecuária.  O pai, natural de São Roque, na Serra da Canastra, Minas Gerais trabalhou muitos anos na capital federal, representando 14 das maiores empreiteiras do Brasil. Na década de 70 resolveu retornar às suas raízes, quando importou cerca de 70 vacas holandesas do Uruguai e passou a investir no leite, para fazer guzolando, resultado do cruzamento com gado Gir Leiteiro. Em 1997 investiu no Gir PO linhagem leiteira, com a compra de três vacas para fazer TE (Transmissão Embrionária) e em 1998 fez um investimento pesado comprando gado 3 R, rebanho de Uberaba (MG).  Desde então a atividade não parou de crescer. Para se ter uma idéia, ele produziu duas das vacas mais valorizadas do Gir Leiteiro, uma delas chegando R$ 1.320.000,00, vendida no Leilão Copa do ano passado.