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Cidades/Geral
Sábado - 17 de Agosto de 2013 às 02:33
Por: ALECY ALVES

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Hospital Psiquiátrico é referência para todo o Estado e conforme médica, tem infraestrutura precária
Hospital Psiquiátrico é referência para todo o Estado e conforme médica, tem infraestrutura precária
As duas unidades públicas de internação psiquiátrica de Cuiabá não têm vagas para novos pacientes. Por este motivo, o pronto-atendimento (PA) do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho fechou as portas. Os médicos não têm leitos disponíveis para fazer os encaminhamentos após os pacientes em crise serem controlados. 


 
A direção do hospital informou que vem adotando esse procedimento toda vez que constata a ausência de vagas no hospital que funciona junto ao PA e no Ciaps III(Centro de Atenção Psicossocial), próximo ao Detran-MT. Ou seja, se não há como manter o paciente em assistência médica-hospitalar, torna-se inviável fazer o atendimento de urgência e emergência. 


 
Acontece que esse é o único pronto-atendimento público especializado em psiquiatria do Estado. A unidade é referência para pacientes com transtornos mentais e usuários de álcool e drogas em todo o Mato Grosso. 


 
Na noite de anteontem, por exemplo, uma mãe acionou a polícia na tentativa de fazer com que o filho fosse recebido. O paciente, um adolescente de 17 anos, usuário de drogas e em crise psicótica, estava tão agressivo que precisou ser algemado. 


 
Mesmo assim, o médico plantonista do Hospital Adauto Botelho não quis recebê-lo, alegando falta de vaga para internação. O profissional disse que permanecia na unidade porque tinha que acompanhar os pacientes que estão internados. 


 
Os policiais, conforme o registro do BO (boletim de ocorrência), chegaram a ameaçá-lo de prisão por omissão de socorro e nem assim, asseguram a assistência médica necessária. 


 
Encaminhado pelo plantonista ao PA de uma policlínica, o rapaz foi medicado, permaneceu algumas horas em observação e retornou para casa na mesma viatura policial. A mãe relatou ao policias que não sabe mais o que fazer para garantir tratamento do filho, mantendo-o longe das drogas. 


 
O diretor-geral, João Santana Botelho, explica que Mato Grosso dispõe de apenas 120 vagas de internação em psiquiatria, todas em Cuiabá. Destas, 50 são para pacientes do sexo masculino, 20 feminino e 50 específicos para álcool e drogas, essas últimas na unidade III do Caps. 


 
“Quando não tem vaga, não há como atender urgências e emergências, Por isto fechamos o PA. Não podemos deixar pacientes no chão”, diz Botelho. No início da noite de ontem, ele disse que a alta de alguns pacientes permitiria a reabertura da urgência. 


 
João Botelho reclama que os municípios não mantêm serviços hospitalares e tampouco medicamentos para o controle da doença, o que acaba fazendo com que os pacientes busquem socorro em Cuiabá, no Adauto Botelho. 


 
Ele assinala que não é necessário ser hospital especializado para atender transtornos mentais ou usuários de álcool e drogas, mas diz que o preconceito impossibilita esse atendimento. “Os mesmos medicamentos que temos aqui, eles têm lá, poderiam atender”, completa. 


 
A psiquiatra Renee Elizabeth Freire, diretora da Associação Mato-grossense de Psiquiatria e da Brasileira para a região Centro-Oeste, diz que o Adauto Botelho não tem condições de manter atendimento regular no PA e nas internações porque falta estrutura. 


 
Renee Freire reconhece o preconceito dos hospitais gerais públicos e privados contra pacientes com transtornos mentais por doenças ou uso de drogas. Entretanto, observa o paciente assistindo na rede privada, medicado e acompanhado regularmente, raramente precisa de internação. O tratamento, conforme a profissional, não acontece no sistema público porque, entre outras questões, nem sempre tem acesso aos medicamentos de uso contínuo. 





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