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Cidades/Geral
Quarta - 24 de Março de 2010 às 16:34
Por: Flávia Porfirio

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Desde ‘guri’, quando brincava de soltar pandorga, jogava futebol com as molecadas da vizinhança e pique esconde, Gilberto Canavarros Nasser, neto de dona Zulmira Canavarros, nome dado a rua que passa em frente ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) – Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva, frequentava os bastidores da centenária instituição.

Em seu resgate histórico de infância, Gilberto conta que mesmo antes de dar início a obra do anfiteatro, por muito tempo o espaço serviu para muitas brincadeiras. “Lembro que em meados de 1976, quando iniciaram as obras do espaço cultural, fiquei triste porque o local onde brincávamos foi sendo tomado pela obra”, relembra.

Após algum tempo, na condição de aluno do curso de Edificações, Nasser passou a vivenciar o outro lado da comunidade escolar. A arte sempre foi sua paixão. Incentivado pela professora de filosofia da época Marília Beatriz Leite, que sempre militou pela arte na Instituição, ele reuniu os colegas e montou um grupo de teatro para apresentar a peça ‘Delícia Maldita’, que falava sobre o uso de drogas. Para a época, meados de 1977, este tema era bastante polêmico. Este foi um dos primeiros trabalhos que inaugurou as atividades do anfiteatro da Instituição, que levou o nome de Sala de Cultura Prof. Hélio de Souza Vieira.

Naquele período o espaço não estava completamente estruturado. Não havia poltronas e alguns equipamentos eletrônicos não estavam instalados e mesmo assim as pessoas iam assistir aos espetáculos. “Mesmo com uma estrutura ‘precária’ as pessoas sentavam no chão e assistiam até o final”, afirma.

Por muito tempo o espaço cultural era um dos poucos lugares, na capital, que servia para abrigar espetáculos teatrais junto com o histórico Cine Teatro e o Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Naquela época o anfiteatro da escola era considerado um dos mais modernos da capital.

Com o tempo, o espaço cultural da antiga Escola Técnica, hoje IFMT, abrigou várias apresentações culturais e peças de teatro de circuito regional e nacional. Já passaram pelo palco artistas regionais como o humorista Liu Arruda, Grupo de Teatro Ânima (que por sinal é fruto do núcleo de artes do Campus) entre muitos outros, bem como, artistas nacionais como os atores Elisabeth Savalla, Irene Ravache, Derci Gonçalves, Paulo Autran, Nicete Bruno, os músicos Artur Moreira Lima, Eudóxia de Barros, Antônio Guedes, Baden Powell de Araújo (parceiro do cantor e compositor Vinícius de Moraes) e muito mais. O espaço também abrigou as apresentações de conservatórios musicais, grupos de balé e espetáculos de dança das escolas que existiam em Cuiabá. 

Para manter o teatro bem conservado, limpo e com os seus devidos reparos havia um grupo de conselheiros da própria escola responsáveis pela locação do espaço. Isso fazia com que o local estivesse sempre ocupado com apresentações artísticas, seminários, congressos entre outros.

Causos

Como toda lenda urbana, o anfiteatro do IFMT – Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva já foi vítima de uma delas. Às vezes em que iam ensaiar, os alunos diziam que sempre viam o tal do ‘Homem de Terno’ e também a falecida Zulmira Canavarros. Nasser conta que ficava furioso com os colegas quando falavam que viam o ‘fantasma’ da sua avó. 

Outro fato cômico que acontecia no teatro era um morcego que morava nos bastidores e durante as apresentações ele acostumava dar o ar da graça.

“São trinta anos de pequenos reparos, agora, com a reforma total do espaço, acredito que a comunidade acadêmica e a sociedade cuiabana vão ganhar um espaço moderno e amplo. Mas, para que o espaço seja de fato, um local que valorize a cultura local e regional, é necessário que a direção do Campus crie um corpo administrativo que fique responsável pelo teatro”, sugere Nasser, ressaltando que este grupo deverá ser composto por pessoas que entendam de arte para criarem normas e critérios de uso do ‘novo’ espaço.






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