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Domingo - 24 de Fevereiro de 2013 às 10:53
Por: Darlan Alvarenga

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O total de investimentos anunciados por grandes empresas no estado de São Paulo em 2012 somou R$ 5,05 bilhões, uma queda de 23,4% em relação ao volume registrado no ano anterior, aponta balanço da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe SP) antecipado ao G1.

No ano passado, foram anunciados 21 novos empreendimentos por empresas atendidas pela Investe SP, serviço criado pelo governo para orientar e incentivar grandes companhias a se instalarem ou a construirem novas fábricas no estado. A previsão é que estes investimentos irão abrir 19,8 mil novos postos de trabalho em 18 cidades.

É um sinal de alerta de que o Brasil já não é mais a bola da vez"
Luciano Almeida, presidente da Investe SP

Em 2011, foram 12 projetos oficializados no estado, totalizando investimentos de R$ 6,6 bilhões e uma geração de 4.985 empregos diretos.

Para o presidente da Investe SP, Luciano Almeida, o recuo no volume de investimentos aponta para uma mudança no perfil dos investimentos e deve servir de sinalização sobre a capacidade de atratividade do país. “É um sinal de alerta de que o Brasil já não é mais a bola da vez. Em 2012 tivemos até um número maior de projetos, mas não se trata mais de empreendimentos com altos volumes envolvidos. Já estamos numa segunda onda”, afirma.

O levantamento contabiliza apenas os investimentos oficializados a partir de negociação direta com o governo estadual e, na maioria dos casos, trata-se de projetos greenfield (de planta nova, a partir do zero).

Os maiores projetos anunciados foram os da taiwanesa Foxconn, em Itu, e da japonesaToyota, em Sorocaba, ambos estimados em US$ 1 bilhão (veja tabela abaixo). Em 2011, a brasileira Vale liderou os investimentos, com um projeto de R$ 3,5 bilhões, em Santos.

                                            GRANDES INVESTIMENTOS ANUNCIADOS EM 2012 EM SP
 Empresa Origem Valor Cidade Setor Data do anúncio
Saipem Itália R$ 587 milhões Guarujá petróleo e gás 02/02/2012
Foxconn  Taiwan R$ 100 milhões Jundiaí tecnologia da informação 01/03/2012
Embraer Brasil R$ 49 milhões Sorocaba aeroespacial 06/03/2012
Haldex Suécia não informado São José dos Campos automotivo 13/03/2012
Cummins    EUA R$ 176 milhões Itatiba máquinas e equipamentos 27/03/2012
Solazyme Bunge EUA R$ 180 milhões Orindiúva óleos renováveis 10/04/2012
Syngenta  Suíça R$ 196 milhões Itápolis biotecnologia 13/06/2012
Caterpillar  EUA R$ 15 milhões Piracicaba máquinas e equipamentos 19/06/2012
Lenovo China R$ 59 milhões Itu informática 05/07/2012
Taser EUA R$ 12 milhões Hortolândia segurança 23/07/2012
Comil Brasil R$ 110 milhões Lorena automotivo 24/07/2012
Toyota Japão R$ 1 bilhão Porto Feliz automotivo 09/08/2012
Rohde & Schwarz  Alemanha R$ 29 milhões São Paulo telecomunicações 21/08/2012
Metalcrafters EUA R$ 15 milhões Lorena automotivo 29/08/2012
Dori   Brasil R$ 14 milhões Mairinque alimentos 06/09/2012
Caterpillar   EUA R$ 50 milhões Piracicaba máquinas e equipamentos 17/09/2012
Foxconn Taiwan R$ 1 bilhão Itu tecnologia da informação 20/09/2012
JBF / Coca-Cola   Índia R$ 880 milhões Araraquara plástico 27/09/2012
INOXCVA Índia R$ 60 milhões Monte Mor máquinas e equipamentos 30/10/2012
New Generation Power/Tecnometal   Brasil R$ 21 milhões Itajobi energia 22/11/2012
Randon  Brasil R$ 500 milhões Araraquara máquinas e equipamentos 10/12/2012
Fonte: Investe São Paulo

Segundo a Investe SP, a nova fase de investimentos é marcada por empreendimentos de menor porte, de fornecedores que estão chegando "no vácuo" das chamadas empresas âncoras, como montadoras e grandes fabricantes de produtos eletroel

Investimentos estrangeiros crescem

O destaque positivo de 2012 ficou por conta da diversificação dos projetos e da maior participação de empresas estrangeiras, cujo volume de investimentos aumentou 229%, para R$ 4,35 bilhões ou 86% do total. Em 2011, 71% do montante de investimentos anunciados foi de empresas brasileiras, num total de R$ 4,6 bilhões. Em 2012, esse percentual caiu para 14%, somando R$ 694 milhões.

Dados do Banco Central mostram que no ano passado a entrada de investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira no Brasil somou US$ 65 bilhões, o segundo melhor de toda a série histórica do BC, perdendo apenas para o ano de 2011 (US$ 66,6 bilhões).

Os números do IBGE apontam que a formação bruta de capital fixo, taxa que sinaliza os investimentos na economia brasileira acumula 5 trimestres consecutivos de queda, com um recuo de 3,9% até setembro de 2012.

52 projetos em negociação
Apesar da intensificação do trabalho de prospecção de novos negócios e de promoção do estado no exterior, a Investe SP não acredita numa alta no volume de novos anúncios em 2013.

A agência possui atualmente 52 projetos em negociação, com investimento potencial de R$ 12,6 bilhões. “Todos os projetos de investimentos são de maturação de médio e longo prazo. Vamos ter que fazer um esforço muito grande para tentar manter este mesmo patamar em 2013”, diz Almeida.

Luciano Almeida, presidente da Investe São Paulo  (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Luciano Almeida, presidente da Investe São Paulo
(Foto: Darlan Alvarenga/G1)

Segundo a Investe SP, a maior parte dos projetos em carteira hoje é brasileira. Em seguida, estão os de empresas norte-americanas, japonesas e alemãs.

Para fins de comparação, em janeiro de 2012, a governo de São Paulo tinha 83 projetos em negociação, com investimentos estimados em R$ 32,3 bilhões. Desde a sua criação em 2008, a Investe SP soma 41 investimentos viabilizados, num total de R$ 15,8 bilhões.

Apesar de São Paulo geralmente liderar a preferência dos investidores, muitos  projetos acabam não saindo do campo da prospecção. Em 2012, 51 empreendimentos que estavam em negociação, num total de R$ 25,3 bilhões, foram cancelados, suspensos ou perdidos para outros destinos.


Apesar da chamada guerra fiscal entre os estados, a agência atribui a não viabilização a fatores de ordem ambiental, viabilidade econômica e insegurança jurídica por falta de definição de alguns marcos regulatórios.
“Tínhamos projetos de duas usinas térmicas e de dois terminais portuários que foram encerrados e que, sozinhos, somariam pelo menos R$ 10 bilhões”, revela o presidente da Investe SP.

“Existem muitas incertezas hoje em relação ao Brasil, o que faz com que os projetos fiquem em "stand by" e investidores repensem se aqui é o melhor lugar para aportar os seus recursos”, afirma Almeida. “Antes o Brasil competia com México, Índia e Rússia. Hoje, compete com Indonésia, Camboja, Vietnã e até com os Estados Unidos, onde já ficou mais barato produzir”, acrescenta.

Investimentos por regiões e setores
O setor automotivo foi o responsável pelo maior aporte de recursos no ano passado no estado. Foram cerca de R$ 1,12 bilhões investidos em 2012 ou 22% do total.

A Foxconn foi a empresa cujos investimentos anunciados preveem o maior número de novos postos de trabalho: 13 mil vagas ou 65% do total previsto no estado.

presidente da toyota e dilma (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)Presidente mundial da Toyota anunciou construção
de fábrica de motores
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Na análise por regiões, Sorocaba foi a que mais recebeu investimentos em 2012: R$ 2,1 bilhões, ou 42% do total. Além do anúncio da Foxconn e da Lenovo em Itu, a região receberá o novo centro de serviços da Embraer, e as novas unidades da Dori e a fábrica de motores da Toyota. Juntos, os cinco empreendimentos devem gerar 11.700 empregos.

Em termos de números de projetos, a região de Campinas liderou com seis empreendimentos.

O presidente da Investe SP explica que os incentivos e benefícios oferecidos pelo governo às empresas estão sempre "dentro do que é legal e estabelecido como patamares razoáveis", e geralmente contemplam desoneração da compra de máquinas e equipamentos e devolução de créditos de ICMS para importadores de insumos. Já as administrações municipais costumam oferecer a isenção de tributos municipais e terrenos a preços simbólicos.

"Temos procurado promover uma descentralização da economia paulista. Estamos conseguindo mostrar para as empresas que estando numa cidade menor ela tem condições de dar um impacto econômico muito maior e de ser a principal empresa da região para a comunidade local", explica Almeida.





Fonte: Do G1

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