O fotógrafo Leandro Saadi, de 33 anos, registrou momentos do temporal de aproximadamente quatro horas que matou na noite de sexta-feira (22) uma menina de 11 anos e destruiu casas, veículos e acessos viários em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. A chuva continua neste sábado (23).
Além da vítima fatal, a tempestade invadiu cerca de 400 casas em áreas carentes de diferentes regiões da cidade, como Maresias, Barra do Sahy, Juquehy e Sertão do Cambury. A chuva deixou ainda cerca de 130 pessoas desalojadas, além de 20 famílias desabrigadas já que a água destruiu ao menos seis casas.
Saadi contou ainda que passou a madrugada e a manhã auxiliando as pessoas atingidas pelo temporal. "Tudo próximo ao rio ficou destruído, mas houve diversos pontos afetados. A água levou tudo que estava no caminho. Nunca vi nada assim", disse o fotógrafo, que registrou momentos do temporal.Ao G1, Saadi disse que nunca havia presenciado um temporal tão forte e rápido. Morador da região há 23 anos, ele participou neste sábado (23) dos trabalhos de auxílio às famílias atingidas. "Não sei nem se foi a quantidade de chuva, mas sim a velocidade com que ela desceu. A chuva desceu como uma avalanche de água. Quatro ou cinco casas foram totalmente destruídas. Onde era casa, virou rio", afirmou ao G1.
O fotógrafo relatou ainda que pouco antes de ser atingida pela enxurrada, a mãe da vítima pediu ajuda a um amigo. A mãe da criança morta pela enxurrada é professora e segue internada no Pronto Socorro em estado de choque e com escoriações pelo corpo.
"Elas ficaram na laje da casa, que era um sobrado. Ela disse que só viu uma onda enorme chegar e destruir tudo", afirmou. A mãe foi encontrada durante a madrugada com ferimentos, já a menina só foi encontrada na manhã deste sábado, cerca de um quilômetro de onde ficava a casa.
A região do Areião, no Sertão do Cambury, afoi a mais afetada pela força da água. No local, 200 casas foram invadidas pela água o que obrigou a saída de 54 pessoas que foram para casas de parentes. No mesmo bairro, só que na área do Lobo Guará, a água chegou 2,15 metros de altura e causou a retirada de quase 40 pessoas. Segundo a Defesa Civil, em Maresias, o alagamento atingiu 117 imóveis e 37 pessoas deixaram suas casas e passaram a noite com parentes.
Estragos
Segundo a Defesa Civil, a casa da vítima ficava em uma área de risco. "A casa dela fica à margem do rio Itú, do lado de uma cachoeira e chovia muito forte. Uma enxurrada atingiu a casa, que foi destruída pela força da água e a vítima foi levada também", disse ao G1 Carlos Eduardo dos Santos, coordenador da Defesa Civil de São Sebastião. Segundo ele, o rio subiu 2.22 metros durante a chuva.
Segundo ele, a família já havia sido orientada a sair do local. "É uma área de risco porque fica muito perto do rio. A casa já tinha 12 anos ali e toda vez que chovia havia preocupação. Já haviam sido orientados e infelizmente aconteceu a tragédia. Todos que moram à beira do rio são orientados, mas a maioria não sai", afirmou.
Uma ponte localizada na Estrada do Cascalho, que dá acesso a Boiçucanga, foi danificada devido ao transbordamento do rio. A ponte foi interditada para o tráfego de veículos.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, a chuva durou cerca de quatro horas e teve início por volta das 20h. Foram registrados 99,3mm de chuva em Boiçucanga e 123,9mm em Maresias. A quantidade de chuva de sexta-feira representa 77% do total da chuva esperada para o mês de fevereiro todo.
A prefeitura montou dois pontos de arrecadação de alimentos e água para ajudar a população. Um deles é na regional da prefeitura em Boiçucanga e o outro na Secretaria de Segurança, que fica na Avenida Guarda Mór Lobo Viana.
Ubatuba
A chuva também provocou estragos em Ubatuba. A água da chuva inundou pelo menos 60 casas na cidade, sendo 40 no bairro Ipiranguinha e 20 no Guarani. Uma família ficou desabrigada e passou a noite em uma escola do bairro. Nas demais residências, a água baixou rapidamente e as famílias não precisaram sair.
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