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Quarta - 06 de Fevereiro de 2013 às 16:17

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Pai do cronista esportivo Valério Luiz, assassinado em Goiânia, o também comentarista de futebol Mané de Oliveira concedeu entrevista à TV Anhanguera, na tarde desta quarta-feira (6), e disse acreditar que o mentor intelectual do crime ainda esteja solto. Ele falou sobre a nova versão apresentada pelo suspeito da morte do filho: "Ele está sofrendo pressão".

Nesta manhã, o açougueiro Marcos Vinícius Pereira Xavier, conhecido como Marquinhos, que havia assumido na última sexta-feira ter atirado contra o cronista, mudou seu depoimento e apontou um cabo da Polícia Militar como autor dos disparos. Valério foi executado, há sete meses, na porta da rádio onde trabalhava, no Setor Serrinha.

Em resposta às perguntas do apresentador Marcelo Rosa, Mané de Oliveira disse que a mudança na versão apresentada pelo suspeito já era esperada. Para ele, as investigações serão uma "guerra" contra "o poder econômico" do suposto mandante do crime, o empresário e ex-dirigente do Atlético-GO, preso no último fim de semana.

Confira abaixo trechos da entrevista.

Em algum momento, nesses contatos que você tem tido com a polícia, você teve acesso a provas contra as pessoas que estão presas?

Mané de Oliveira –
Tive. Tive acesso aos números de telefones de todos os envolvidos. Demorou muito, porque a empresa telefônica demorou a liberar. São muitos telefones. A polícia tem tudo isso. Eu acredito que a polícia tenha todo o aparato para decretar a preventiva.

A polícia apresentou, inicialmente, quatro suspeitos de participação. Na sua avaliação, tem mais gente envolvida, por exemplo, alguém graduado da polícia que possa ter envolvimento também com o crime?

Mané de Oliveira – Não passam desses que estão aí. Esses estão realmente envolvidos. Todos. A polícia vai ter que trabalhar muito contra o poder econômico. Muita coisa pode mudar através da pressão econômica. Isso a gente já esperava. Mas há provas. Eu acho que o intelectual, que organizou, esse ainda está solto. Não sei quem, mas esse está solto.

Seria um intermediário entre o mandante e os executores?

Mané de Oliveira – Exatamente. Aquele que criou, que orientou, que incentivou até o Maurício [Sampaio] a mandar [matar Valério].

Sobre a entrevista coletiva do Marcos Vinícius, a gente percebe que ele está bem orientado...

Mané de Oliveira – Muito. A família dele está sofrendo uma pressão que você não pode imaginar. O pai dele eu conheci menino. Conheço o pai, a família toda aqui do Parque Amazonas [bairro de Goiânia]. É uma família muito humilde e não tem culpa disso. Mas a família está sofrendo uma pressão danada e o advogado vai lá conversar com ele. Eu acho que em um crime como esse, o rapaz deveria estar em uma cela incomunicável.

Ele não podia nem falar com a imprensa?

Mané de Oliveira – Não podia. E a polícia tinha que estar 24 horas junto com a família dele, protegendo a família dele para não receber propostas financeiras. Porque o caso, gente, é de poder econômico. Todo mundo sabe disso. Então, nós temos que ter todos os cuidados possíveis. Nós vamos ter uma guerra sem tamanho. Não terminou não.

Valério Luiz foi morto a tiros, em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Valério Luiz foi morto a tiros, em Goiânia
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

O que você, como pai, acredita que vai aconteceu com essas pessoas apontadas. Você acredita plenamente no cumprimento da Justiça? Que essas pessoas irão a julgamento e, se for comprovada a participação, essas pessoas serão condenadas?

Mané de Oliveira – Minha expectativa, ela existe. Porque nós sabemos como é o país que nós vivemos. Como é a impunidade e a dificuldade que se tem de colocar uma pessoa poderosa, politica e economicamente, na cadeia. Mas hoje eu tenho uma coisa que ele [o suposto mandante] não tem. Ele pode ter o dinheiro, mas eu tenho o povo do meu lado. Eu tenho os órgãos de imprensa, a população está do meu lado. Eu não estou sozinho. Eu queria saber, eu queria ver isso acontecer e aconteceu. E eu peço a vocês que continuem me ajudando. Não me deixem sozinho, porque sozinho eu não dou conta.

Na sua opinião, o suspeito está mudando esse depoimento por livre e espontânea vontade ou está recebendo algum tipo de pressão?

Mané de Oliveira – Por livre e espontânea vontade, não. Eu tenho certeza. Ele está recebendo pressão. Conversei com parentes dele e a corrida em cima, de advogados, tentativa de suborno, de dar dinheiro, de fazer ele mudar de opinião, isso vem ocorrendo com frequência segundo informações de um parente próximo deles. Inclusive esse parente falou que tinha necessidade de contratar um advogado urgente, para que não tivesse de ter um advogado contratado pelo outro lado. O que está acontecendo, a gente sabia que ia acontecer. O poder econômico é muito forte. O cidadão que está preso suspeito de ser o mandante, ele tem uma ramificação em Goiânia que vai dar um trabalho danado para a polícia e para a gente que está correndo atrás. Ele está mudando o depoimento, mas uma coisa eu tenho certeza absoluta: ele participou. Se eu disse para vocês que foi ele que matou, eu não chegaria a tanto. Agora, o que o trabalho que a polícia fez, aonde chegou e o que eu ouvi da família dele, para mim será uma grande surpresa se não foi ele.

Esses novos nomes que surgem nas investigações, você também acredita na participação dessas pessoas?

Mané de Oliveira –
Desde o começo das investigações, todos esses nomes, nós tínhamos suspeita deles. Esses e outros. Para mim, depois das investigações, a grande surpresa foi aparecer esse Marquinhos como o executor. Mas depois que a polícia fez uma triagem sobre a vida dele. Depois que eu ouvi algumas pessoas da família, eu não tenho dúvida.






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