Ao ser capturado, Reolon confessou todos os crimes e forneceu detalhes das mortes, afirmando que havia tentado o suicídio por diversas vezes. Os crimes ocorreram em janeiro de 2010 na região de Enéas Marques, a 18 km de Francisco Beltrão. Durante os últimos três anos, a polícia paranaense havia checado informações apontando a presença de Reolon em cidades do interior paulista, onde a policia paulista espalhou fotos dele em todo o estado, no Paraguai e no Peru. O local onde foi encontrado estava a poucos quilômetros da área onde ocorreram os assassinatos. Para sobreviver durante os últimos três anos, o agricultor se alimentava com verduras e carne de gado que roubava das propriedades vizinhas. Reolon falou que não teve contato com ninguém e nem saiu da mata durante este período.
Os crimes
A primeira vitima do agricultor foi o próprio pai, Otávio Reolon, no final de dezembro de 2009. Ao confessar o crime, Gilmar Reolon contou que o assassinato ocorreu por vingança e por desentendimentos por causa de uma dívida. Segundo ele, aos 12 anos, depois de uma surra, havia jurado que mataria o pai. "Eu tinha uma divida e ele tentou me cobrar duas vezes. Como havia uma promessa e ele tentou me agredir na discussão, eu o empurrei e passei a mão numa foice e parti para cima dele", disse.
O agricultor falou que depois do crime ficou preocupado em ser preso e sua família "passar fome e vergonha". Para evitar que isso ocorresse, em 6 de janeiro de 2010, ele entrou em casa armado com um pau e matou a sogra Petrolina Casanova, de 84 anos, a mulher Gema Casanova, 43 anos, a filha Gisele, 14 anos, e o filho Lucas, de apenas 9 anos. Todos foram mortos com pauladas na cabeça. Em seguida, ele tentou se matar jogando com um veículo no rio, mas não conseguiu concretizar o intento. No dia seguinte, ele decidiu retornar ao sítio onde morava e colocou fogo na casa e partiu para a mata, onde mais uma vez tentou o suicídio através de enforcamento. "Mas o galho da árvore quebrou", disse ele.
Reolon disse ter passado quase uma semana sem comer para tentar contrair uma doença e morrer. Como permaneceu vivo, resolveu invadir uma casa em uma propriedade próximo a mata para roubar alimentos. A adolescente Indiamara Pereira dos Santos, 13 anos, estava sozinha na residência. Os familiares da menor haviam saído para ajudar um vizinho que estava se mudando e a menor não quis acompanhar, preferindo ficar assistindo televisão. Ao encontrara menina e com medo de ser reconhecido, Reolon a matou com golpes de pedras e de um facão que carregava e arrastou o corpo para a mata, onde voltou a se embrenhar.
No inicio das investigações da chacina na casa de Reolon, a polícia chegou a solicitar que máquinas retroescavadeiras vasculhassem os escombros do incêndio, acreditando na possibilidade de encontrar o corpo do agricultor. Com o passar do tempo e o sumiço de Reolon, ele passou a ser considerado o principal suspeito das mortes de seus familiares.
Roubo de Gado
Em 2012, a polícia esteve perto de prender o agricultor por diversas vezes, ao investigar o roubo e abate de gado na região. Em janeiro, os policiais localizaram um acampamento na mata, próximo a casa onde Reolon matou o pai. Fios de cabelo do agricultor foram encontrados no local e encaminhados para exames de DNA. Os policiais localizaram bananas, milho verde, batata, mandioca, abóbora e moranga, alimentos plantados nas propriedades da região. Ontem, Reolon disse ter mudado de esconderijo por diversas vezes e, em pelo menos uma ocasião, chegou a avistar policiais em seu encalço. Ele porém, sempre permaneceu no interior da mata, só transferindo o acampamento.
O agricultor confessou ter roubado e matado 10 cabeças de gado, retirando apenas parte da carne do animal. "Cortava apenas a parte da barriga e do traseiro do animal. O resto eu abandonava", revelou.
Localização suspeita
Quando policiais militares entraram na mata na manhã de sexta-feira para retirar Reolon, o agricultor já estava dominado pelo policial militar José Gilmar de Oliveira, que estava acompanhado por Ildemar Reolon, irmão do suspeito. Os dois contaram que estavam no local investigando o roubo de gado e encontraram o procurado. Ildemar é compadre do soldado.
A versão apresentada não convenceu o delegado da 19ª Subdivisão Policial de Francisco Beltrão, David Ricardo de Andrade Passerino. Ele desconfia que Ildemar já tinha conhecimento do esconderijo do irmão no interior da mata e o estaria acobertando. Ele e o soldado da PM serão investigados.
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