Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Segunda - 18 de Novembro de 2013 às 22:57

    Imprimir


Na edição de novembro do Boletim Macro, a ser divulgado hoje pelo Ibre, os pesquisadores da entidade confirmam a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer 2,5% este ano, mas apontam que há uma série de dificuldades para que esse desempenho se repita no ano que vem.


 
Segundo Silvia Matos, coordenadora do boletim, a atual projeção de 1,8% para a expansão do PIB em 2014 já pode ser considerada otimista. Para ela, a principal restrição ao crescimento no próximo ano vem da necessidade de um controle mais forte da inflação, que sofrerá um repique já no primeiro trimestre com uma alta dos preços administrados e, por isso, pode se transformar em assunto recorrente no debate eleitoral. A inflação tem um peso importante , disse.


 
Enquanto neste ano medidas do governo federal, como a desoneração da energia elétrica, devem garantir uma alta abaixo de 2% para os itens monitorados no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Silvia afirma que em 2014 não haverá muita margem de manobra para postergar reajustes, e estes preços devem voltar a rodar por volta de 4,5% em 12 meses. Do lado externo, a economista observa que o IPCA também não terá alívio, já que a redução de estímulos monetários pelo Fed (Federal Reserve, Banco Central americano) manterá a tendência de alta da dólar.


 
O Ibre não considera uma desvalorização do real acentuada em seu cenário base, mas, de acordo com Silvia, a cotação da moeda americana - que deve passar de R$ 2,30 ao fim de 2013 para R$ 2,45 em 2014 - é suficiente para que a inflação anualizada fique em 6% no próximo ano.


 
Com o espaço mais reduzido para que o IPCA absorva choques sem estourar o teto da meta inflacionária, de 6,5%, a coordenadora da FGV avalia que não há outra opção para o Banco Central: os juros terão que subir para ao menos 10,25% ao ano, o que tem efeitos adversos sobre o nível de atividade. Caso haja uma valorização brusca do dólar ou algum choque inesperado de alimentos, por exemplo, Silvia acredita que não vai haver restrições para que o Banco Central faça um aperto adicional na política monetária.


 
A situação à frente não chega a ser um desastre, mas vai ser preciso controlar o crescimento para que a inflação fique perto de 6%. Num cenário assim, não consigo imaginar uma alta do PIB maior do que 0,4% ou 0,5% por trimestre em 2014, na comparação com ajuste sazonal , prevê a economista da FGV. Ela acredita que os juros mais elevados vão moderar o consumo das famílias e impedir uma reação mais acentuada da indústria. Na sua avaliação, o setor manufatureiro terá em 2014 desempenho parecido ao de 2013.


 
Silvia não se mostra otimista com a ajuda que uma eventual cotação do real mais desvalorizada no ano que vem poderá trazer à atividade industrial. Com o longo período de valorização da moeda nacional, muitas empresas passaram a importar insumos em dólares e serão prejudicadas pela desvalorização.


 
Em 2014, o Ibre prevê que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e construção civil) vai crescer 2,8% - abaixo da alta de 7% esperada para 2013 - mesmo com o impacto positivo do programa de concessões em Infraestrutura do governo. Segundo Silvia, os efeitos temporários dos juros subsidiados para a compra de bens de capital já não estarão mais presentes no ano que vem, assim como o impulso ao consumo de maquinário Agrícola e caminhões dado pelas safras recordes.


 
Outro fator que vai na direção de um crescimento mais modesto da economia no próximo ano é a perda de fôlego prevista para o setor agropecuário, acrescenta a economista da FGV. Em 2013, com a influência das safras recordes de grãos, o PIB agropecuário deve saltar 10,5% nas estimativas do Ibre-FGV, crescimento que vai desacelerar para 4,5% em 2014.


 
Silvia ainda lembra que a deterioração da política fiscal é mais um desequilíbrio já contratado para 2014, dado que a perda de ímpeto da atividade deve levar a arrecadação a um crescimento mais fraco e há uma série de desonerações previstas para o ano que vem. A possibilidade de rebaixamento pelas agências de classificação de risco tem um lado disciplinador, mas o governo está com muita dificuldade em melhorar a parte fiscal. Este é o maior desafio para 2014.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/4138/visualizar/