Polícia prepara desejo de 300 famílias em fazenda; há risco de violência
Um forte aparato de segurança foi mobilizado nesta terça-feira, 17, para garantir o cumprimento de mandado de reintegração de posse na Fazenda Santa Rosa I, no município de Sorriso, no Norte de Mato Grosso, ocupada por aproximadamente 300 famílias de trabalhadores rurais. A propriedade tem 50 mil hectares. Há risco de confronto, já que os lavradores têm resistido a decisão judicial, proferida pelo desembargador José Silvério Gomes, do Tribunal de Justiça.
Gomes cassou a liminar que suspendeu o despejo das famílias. Havia risco de um conflito agrário. No dia 21 passado, a Polícia chegou a retirar as famílias de quatro casas e derrubar um barraco no acampamento. As famílias, com maioria organizadas pelo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), se diziam dispostas a resistir na área que é extremamente violenta. Há registro de pistolagem.
Os trabalhadores rurais alegaram que ocuparam a área de forma mansa e pacífica, já que ela estaria abandonada, sem pastagens e benfeitorias. Havia, inclusive, a possibilidade de um acordo para desapropriação da área – o que acabou não se efetivando. Na região, fala-se que os supostos donos da terra teriam fomentado a ocupação pelos trabalhadores rurais, visando exatamente um acordo indenizatório por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O litígio na propriedade começou em 1998. O Incra entendeu que não haveria possibilidade de comprar a área em razão da falta de condições técnicas. A área seria ocupada por 27 grandes fazendeiros e produtores rurais, não beneficiários da reforma agrária.
A última decisão pela reintegração é da ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Produtores rurais donos da área garantem que políticos e membros do Governo e da diretoria do Incra de Mato Grosso teriam trabalhando, nos bastidores, para impedir o cumprimento de decisão judicial transitada em julgado.
Com Rádio Sorriso
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