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Quarta - 11 de Julho de 2012 às 10:40
Por: Jonas da Silva

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O ex-diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, nesta manhã na Rádio Mix FM que havia "ação de palaciana" da Presidência da República, ministros e parlamentares de Mato Grosso que tinham interesse que ele não assumisse e continuasse no Dnit.

Ele fez a fala diante da sua exoneração da autarquia em junho de 2011 após reportagem da revista "Veja" revelar suposto ato de corrupção de que teria participado, o que é rebatido por ele como um complô para derrubá-lo da autarquia.

Para Pagot, o fato de tocar 1.156 obras em todo o Brasil incomodou políticos, empresários e foi motivo de um complô com reportagens na mídia para derrubá-lo, como já havia mencionado em outas ocasiões. Ambos chegaram a bater boca pela imprensa com notas e declarações.

Ele lamentou que sua saída do Dnit tenha tido aceite por parte do Palácio do Planalto, que deixara acontecer o que chamou de complô para derrubá-lo. "Com certeza, indiretamtnte, através de material de assessoria dava para prestar atenção e notar que por trás da exoneração estava a vontade do Palácio (do Planalto)".

Pagot não quis declinar nomes sobre resistência dele no cargo. Mas nos bastidores, comenta-se que a rusga teria sido com o deputado federal Wellington Fagundes, presidente estadual do PR e partido a qual Pagot era filiado e depois se desfiliou.

"Foi um período duro para mim. Não sabia que tinham ministros e deputados federais envolvidos, inclusive de Mato Grosso, que não tinham interesse de eu assumir e continuar no Dnit", diz.

Ele relatou forças políticas que dominavam a autarquia. "A bancada de Minas Gerais e Goiás faziam gestão política para manter o diretor do Dnit. Não tinham interesse de eu me manter no cargo. Sabiam que se eu fizesse um bom trabalho, diminuiria a presença dos grupos politicos", esclarece.

O ex-diretor afirmou que quando assumiu o comando do Dnit, o presidente Lula fez a recomendação "especial para que ele cuidasse do Centro-Oeste, Norte, Mato Grosso e tratativas com a Amazônia, onde queria fortalecer obras".

Cargos políticos

Ele também explicou o loteamento político feito por partidos na autarquia. Onde, em alguns casos diretores e cargos, após "nomeados ficam devendo favores para grupos políticos e isso traz sério problemas para a administração".

"Foi o enfrentamento que fiz. E isso deixou alguns políticos nervosos. Fiz com que funcionários ficassem com o dever com a direção do Dnit e não respondendo nada a ninguém", comenta.

"Atrás de levar obras para municípios e Estados, tem a questão política que pesa muito. É um órgão bastante difícil de administrar", admite o ex-diretor. "A responsabilidade do Dnit não é do PR (Partido da República). É da base aliada. É ação do PT, PMDB, PR, PTB. Cada Estado tem nomeação. Nos três Estados do Sul, a nomeação é do PT. Em outros é do PMDB e alguns Estados do PR", revela.

CPMI


Pagot é um dos convocados pela CPMI do Cachoeira do Congresso Nacional, que investiga relação do contraventor Carlinhos Cachoeira com autoridades, empresários, parlamentares em atos de corrupção no governo federal e Estados, como Goiás e Distrito Federal. Ele se reservou no direito de não comentar nada que falará na comissão.

Pelas reportagens, ele foi convocado para prestar esclarecimentos na CPMI do Cachoeira, que investiga ligação de do contraventor Carlinhos Cachoeira com empresários, parlamentares e políticos.

Ele se diz surpreso pela revelação de conteúdo do sistema de rastreamento Guardião da Polícia Federal, quando jornalistas, a Época, e como Policarpo Júnior, de Veja, levou até ele as escutas das ações de bastidores do grupo de Cachoeira e de executivos da Construtora Delta.

"As revistas traziam motivações e escutas. Houve momento de indignação", afirma. "Um momento que revelou um ano depois, ao investigar o grupo e o acesso por dois jornalistas da Época e Veja. Até causou espécie de como jornalistas tinham cópia das gravações do Guardião, aparelho de escuta que a Polícia Federal usa".

O ex-diretor ainda repudia acusações de atos de corrupção praticada em sua gestão no Dnit. Diz que havia fiscalização de rotina por parte da Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU).

E que apesar da estrutura velha do Dnit, herdada do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), a autarquia tocava obras e tinha orçamento de R$ 14 bilhões a R$ 17 bilhões por ano. E enfrentava falta de um controle informatizado moderno para obras.

Ele contou que em três anos e meio no Dnit, foi duas vezes ao médico, no Hospital Albert Einstein porque não cuidava da saúde.

"Fio desencapado"

O ex-diretor do Dnit também rebateu os termos de "homem-bomba" e "fio desencapado" atribuído a ele, respectivamente, pela Imprensa e seu padrinho político, o ex-governador e atual senador Blairo Maggi.

"É outro estereotipo dado por políticos e jornalistas", avalia. "Sou obstinado, cumpro tarefas. Não sou homem bomba, fio desencapado. Isso incomoda e prejudica. Você pega uma mensagem e vê reproduzida em sites, rádios, jornais em todo Brasil. Parece que eu sou tresloucado e inconsequente".

Lula e Dilma

Ele comentou que tinha até respeito perante o ex-presidente Lula e à presidente Dilma Rousseff, a quem ajudou a reeleger-se e eleger. Mas que ficou surpreso com sua exoneração há cerca de um ano do Dnit.

"Foi surpresa e principalmente pela intempestividade, de uma hora para outra veio o comunicado que seríamos afastados", diz aborrecido. Pagot diz que não teve direito a se defender e nada das acusações de suposta corrupção que tenha sido acusado foi comprovado.

"Tive participação importante na reeleição do presidente Lula, sei o que fiz. Tive participação importante na eleição da presidente Dilma sei o que fiz", afirma.

"Tínhamos bom nível de amizade. Tinha tratamento respeitoso, até por parte da presidente. E de uma hora para outra, em cima de reportagem revista, fui exonerado".






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