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Cidades/Geral
Terça - 03 de Janeiro de 2012 às 22:40
Por: Thamine Leta

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O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, afirmou nesta terça-feira (3) que a recuperação da Região Serrana ainda é uma “tarefa gigantesca” para o estado. Cabral esteve em Nova Friburgo, município mais atingido pelas chuvas em janeiro de 2011.

“A demanda é muito grande. Ainda temos uma gigantesca tarefa pela frente e essa recuperação não se conclui em um ano”, disse.

Friburgo ficou em alerta máximo por causa de fortes chuvas que atingiram novamente a cidade entre os dias 31 de dezembro e 2 de janeiro. Apesar do alto volume pluviométrico, a Defesa Civil não registrou mortes. Nesta manhã, mesmo sem chuva, a queda de uma barreira na altura do quilômetro 70 da RJ-116, na localidade de Mury, em Nova Friburgo, interrompeu o tráfego na via. Na tarde desta terça, a Defesa Civil informou que o município está em estado de vigilância.

Cabral esteve em Friburgo para entregar viaturas para a Defesa Civil atuar no município e nas cidades de Teresópolis e Petrópolis, também na Região Serrana. O governador afirmou que uma nova catástrofe foi evitada graças ao alerta de sirene instalados em áreas de risco da cidade de Friburgo.

“O que evitou a morte de pessoas dessa vez foi exatamente o funcionamento de alarmes e treinamentos, foi um ganho muito importante”, disse. Segundo Cabral, no dia 9 de janeiro, 2.200 casas serão construídas em áreas seguras de Friburgo para as famílias que tiveram suas residências destruídas durante a tragédia. Perguntado sobre a demora na construção de casas em locais seguros, Cabral afirmou que não foi fácil encontrar locais geologicamente propícios.

“Procuramos terrenos seguros, que depois precisam passar por uma avaliação técnica que nos permitisse fazer as obras necessárias”, disse. Segundo Cabral, o governo do estado faz obras de infraestutura enquanto que o governo federal investirá nas casa do programa Minha Casa Minha Vida. O prazo para a conclusão das obras é de pelo menos um ano. O governador afirmou que até que as residências sejam concluídas, 7 mil famílias continuarão recebendo o aluguel social.

Cabral afirmou que foram investidos R$ 150 milhões em dragagens nos municípios da serra afetados pela chuva. De acordo com Cabral, o percentual de empregos gerados na região é maior atualmente do que antes da catástrofe climática ocorrer.

Prédio destruído está interditado desde janeiro de 2011 (Foto: Thamine Leta/G1)
Prédio destruído está interditado desde janeiro de
2011 (Foto: Thamine Leta/G1)



Moradores temem nova tragédia

Um ano após a tragédia nas cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro, muitos moradores de Nova Friburgo que ainda se recuperam do trauma e dos prejuízos temem por uma nova tragédia. As marcas do desastre continuam visíveis em vários pontos da cidade. De dia 31 de dezembro a 2 de janeiro choveu forte no município e cerca de 300 pessoas tiveram que deixar suas casas.

No Centro da cidade, na Rua Luís Spinelli, que teve inúmeros imóveis destruídos pela chuva, o trabalho de demolição foi feito, mas um dos prédios que teve parte da estrutura levada continua interditado. Lá, o único autorizado a entrar no local é o zelador José Alciniro, de 59 anos.

“Eu estava aqui naquela noite. Não deu tempo de fazer muita coisa, simplesmente aconteceu. O barulho foi imenso. Conseguimos salvar quase todos, mas um menino de 15 anos morreu soterrado no quarto andar, não teve jeito”, contou. Segundo José, todos os moradores foram impedidos de voltar aos apartamentos e muitos continuam mobiliados.

No bairro de Duas Pedras é possível ver o tamanho do deslizamento provocado pela água que desceu pela encosta há um ano. Muitos moradores morreram soterrados na época e outros conseguiram sobreviver, mas perderam tudo o que tinham. É o caso de Adalberto da Conceição, que abandonou sua casa e foi construir um novo imóvel no bairro Olaria.

Adalberto deixou sua casa após chuva (Foto: Thamine Leta/G1)
Adalberto deixou sua casa após chuva
(Foto: Thamine Leta/G1)



“Precisei deixar tudo para trás. Aqui morava minha sogra, cunhada, toda minha família. A estrutura da casa foi totalmente afetada, eu não tenho coragem de subir porque tenho medo de cair. Tive que construir um novo lugar, pois aqui não ia ficar”, disse Adalberto, apontando para a casa invadida pela lama.

Na mesma rua em que mora Adalberto, outros moradores lidam com problemas básicos, como a falta de calçamento e o medo de uma nova enxurrada causar danos ainda mais graves. “A sirene de alerta tocou durante muito tempo esses dias, por causa da chuva. A gente sente medo porque a encosta é muito próxima, mas a Defesa Civil disse que minha casa não tem risco”, disse o vendedor Humberto Carina, 37 anos, que mora com a filha e a mulher.

Capela atingida pela chuva em Nova Friburgo (Foto: Montagem de fotos de Celso Pupo e Thamine Leta)
Capela atingida pela chuva há 1 ano e em 2012 (Foto: Montagem de fotos de Celso Pupo e Thamine Leta)



Lama e destruição em ponto turístico um ano após chuva

Um dos pontos turísticos de Friburgo, a Praça do Suspiro, ainda tem muita lama e pontos destruídos, como é o caso da Capela de São Antônio. A igreja foi inaugurada há quase 127 anos e permanece com sua estrutura externa completa, no entanto, nos fundos do local é possível ver escombros e água escorrendo.

Ao redor da praça, homens trabalham para retirar a lama que desce das encostas toda vez que uma chuva forte atinge a cidade. O teleférico que funcionava no local está abandonado e a região é pouco visitada.

As principais vias que foram devastadas com a chuva, como a Henrique Zamith, esquina com a Avenida Euterpe Friburguense, foram recuperadas e o trânsito flui normalmente. Algumas obras ainda são feitas pelas ruas da cidade para reparação de asfalto, por exemplo.






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