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Policia MT
Sexta - 18 de Novembro de 2011 às 07:23
Por: ANA ADÉLIA JÁCOMO

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Silvânia Valente e seu suposto assassino, o namorado João Batista Andrade.
Silvânia Valente e seu suposto assassino, o namorado João Batista Andrade.

As estatísticas da Polícia Civil mostram que praticamente dois assassinatos são cometidos por “motivação passional” na Grande Cuiabá, a cada mês. Foram 11 nos primeiros seis meses do ano.

Anteontem, Ângela Peixoto da Silva, de 32 anos, morreu após ser atingida por 17 facadas em sua própria casa, supostamente a mando do próprio marido, Damião Rezende. No início deste mês, o “amarelinho” João Batista Andrade tornou-se o principal suspeito de ter assassinado a pauladas a namorada Silvânia Valente, de 37 anos. Nos dois casos, além da violência pelo assassinato em si, o choque pelo fato de os supostos assassinos serem as pessoas em quem possivelmente as vítimas mais confiavam.

A mãe de Ângela, Maria do Bom Despacho, de 58 anos, revela que ainda não consegue acreditar que o genro tenha sido capaz de tal atrocidade. Ela diz que nunca houve qualquer tipo de comportamento agressivo por parte de Damião e que o casal se dava muito bem. “Eu tinha ele como um filho, pois ele sempre tratou muito bem minha filha”, diz. Apesar das boas lembranças, Maria diz que acredita na versão da polícia e espera que as investigações sejam concluídas para formar uma opinião sobre a suposta autoria do crime. A filha do casal, de apenas 8 anos, está sob seus cuidados e não sabe da possível participação do pai no crime. “Eles eram uma família muito feliz. A Ângela nunca reclamou dele pra mim. Ela era alegre, trabalhadeira, honesta e eu não acredito que mataram minha filha como um animal esfaqueado”.

O procurador do Estado José Victor Gargaglione explica que os crimes passionais sempre existiram na sociedade e que atualmente a informação chega a mais gente e provocam mais indignação. Ele afirma que o Brasil é historicamente um dos países com maior índice de discriminação contra a mulher – e o extinto Artigo 118 da Constituição, que permitia ao marido anular o casamento caso a esposa já tivesse perdido a virgindade, é exemplo disso. “Isso é uma anomalia. Durante anos os homens tiveram uma formação machista e centralizadora. Um ser que pensa assim é brutalizado pela própria sociedade”, afirma ele. Para o procurador, não adianta investir na reforma das leis, aumentando o tempo de pena para crimes de assassinato.

A necessidade maior, segundo ele, é realizar uma reforma educacional no país para que a mulher possa ter o direito de ocupar cargos elevados na sociedade, sem que maridos e companheiros se sintam ameaçados. “Hoje a mulher é arrimo de família, é auto-suficiente. Ela não quer mais ser submissa. Se o casamento não vai bem, ela se separa e tem como se manter sozinha”.

O psicoterapeuta e especialista em psiquiatria forense, Zanizor Rodrigues da Silva, afirma que grande parte dos crimes motivados pela paixão causa profunda dor em quem o pratica. Normalmente os criminosos que matam o ser “amado” se tornam depressivos, dependentes de medicamentos para dormir e tendem a praticar o suicídio. A impunidade ou as penas reduzidas, segundo ele, também estimulariam o crime.





Fonte: Do DC

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