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Sexta - 02 de Setembro de 2011 às 07:17
Por: ALCIONE DOS ANJOS

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Lorival Fernandes/DC
Nem cobradores, nem motorista, tampouco usuários estão contentes com situação; resultado é o atraso
Nem cobradores, nem motorista, tampouco usuários estão contentes com situação; resultado é o atraso
Cerca de 30 cobradores de ônibus só da empresa União Transporte, que faz as linhas intermunicipais entre Cuiabá e Várzea Grande, já foram demitidos desde a homologação de Acordo Coletivo de Trabalho de 2011, em 1º de maio. Isso porque, no acordo, há uma cláusula que desobriga as empresas a manterem cobradores nos veículos do transporte público. A denúncia é de cobradores que preferem não se identificar por medo de represálias. Um deles, que tem 12 anos de profissão, sendo cinco na União Transporte, reclama que estão “descartando” os cobradores que não aceitam fazer o curso de condutores para mudarem de categoria na carteira de habilitação e, assim assumirem o volante dos ônibus. “Eu não vou fazer o curso, vou buscar outra coisa”, declarou um.

O outro, com 13 anos de experiência e também há cinco anos na empresa, é mais moderado. Ele afirmou que está no curso preparatório para o Detran, mas admite que está fazendo isso por não ter outra opção. “Fazer o que? Tenho que trabalhar”, conformou-se.

Para os usuários a situação também não é tida como uma das melhores. A cozinheira Celma de Oliveira Santos, 50, moradora do bairro Vila Arthur, em Várzea Grande, precisa tomar a condução todos os dias para ir ao trabalho no centro de Cuiabá. “Está horrível”, descreveu. “Os motoristas têm que se desdobrar para fazer o trabalho deles e dos cobradores. E isso toma tempo. Eles acabam demorando mais em cada ponto e com isso a gente chega atrasada no trabalho”, citou.

Os cobradores contam ainda com o apoio dos colegas motoristas que também estão insatisfeitos com o corte da profissão. O motorista, que pediu para não revelar o nome, conta que está há quase 30 anos na profissão. Destacou que se nega a trafegar pelas ruas sem um cobrador, porém afirmou aceitar a situação por estar próximo de se aposentar. Já um colega assegurou que a nova metodologia está pior, pois muitos usuários ainda não usam o cartão-transporte e, portanto, ele tem que receber o valor da passagem entregar o troco e só então seguir a viagem. “Demanda muito tempo”, reclamou.

Apesar da queixa geral dos trabalhadores eles afirmaram que o Sindicato da categoria aceita a situação. “Eles estão mais próximos das empresas do que da gente”, criticou um. “E nós estamos com medo de perder o emprego, ninguém passa informação para gente”, questionou outro. “Caso alguém não aceite o que está sendo oferecido é demitido. Os motoristas, por exemplo, são jogados para os piores horários e para linhas difíceis de serem feitas”, acusou um dos trabalhadores.

SINDICATO - O primeiro-secretário do Sindicato dos Motoristas Profissionais e Trabalhadores em Empresas de Transporte Terrestre de Cuiabá e Região (Stettcr), Ledevino Conceição, admitiu que há falha na comunicação entre o sindicato e a base, mas afirmou que o sindicato está tentando corrigir o problema. Ele confirmou a existência da cláusula polêmica, todavia, disse que não houve concordância por parte do sindicato. “Tanto que conseguimos inserir no acordo estabilidade para os cobradores até 2012”, citou. “Os demitidos apontados pediram desistência para poder sair do emprego, cada um com seus motivos, seja por desgosto da profissão ou em busca de um trabalho melhor”, comentou o sindicalista. Sobre a aproximação do sindicato com as empresas, o vice-presidente confirmou que recebeu as reclamações, mas disse que só foi feita para buscar “benefícios para o trabalhador, entretanto as estratégias e decisões são tomadas na coletividade”.




Fonte: Do DC

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