Usuários de drogas recebem tratamento; cada internação vai custar R$ 750 mensalmente à prefeitura
Guerras ás cracolândias: "zumbis" são recolhidos e irão receber tratamento médico e psicológico
Vinte e três dependentes químicos que se encontram em estágio avançado e degradante, conhecidos na gíria como "zumbis", foram encaminhados para clínicas de reabilitação em Cuiabá, nesta semana. O saldo é da Operação "Rosa dos Ventos", realizada pela Polícia Civil, na manhã de quinta-feira (30). Eles devem ficar internados por quatro meses para tratamento.
O valor pago por cada interno é de R$ 750 e está sendo custeado pela Prefeitura de Cuiabá. A operação policial visa a combater as "cracolândias" existentes em Cuiabá.
Na operação, o alvo inicial foi a região do bairro Alvorada, na região do Terminal Rodoviário de Cuiabá, considerado um dos pontos mais críticos de venda e uso de drogas na Capital. No total, 14 hotéis das imediações foram vistoriados e quatro interditados.
Os usuários foram encaminhados para as comunidades terapêuticas Limiar e Valor da Vida. O proprietário da comunidade terapêutica Limiar, Gonçalo Agnolon, disse ao MidiaNews que os internos estão se alimentando bem e que uma das preocupações inicial é oferecer um sono de qualidade aos usuários.
"Estamos com nove internos encaminhados pela Prefeitura. Eles estão calmos, fazendo quatro refeições diárias, e principalmente, dormindo muito. Neste momento inicial, a preocupação é no sentido de que eles recuperem o físico e o psicológico. Estamos com pessoas que já tinham mais de 10 anos de rua. É um trabalho difícil e depende da vontade deles, se quererem se livrar das drogas" informou.
Os demais 14 usuários foram encaminhados para a comunidade Valor da Vida. O coordenador, Joel Anísio dos Santos, disse ao MidiaNews que o tratamento inicial é fortalecer o organismo dos pacientes. Sem fazer refeições diárias, sem dormir e consumindo grandes porções de drogas fortes, como pasta-base e crack, essas pessoas estão muito debilitadas.
"Vamos alimentá-los, iniciar as terapias e fazem o trabalho psicológico. Eles estão fracos, sem dormir e comer há vários dias. O primeiro passo é devolver a resistência e o vigor da vida ao grupo", disse Santos.
O coordenador acredita que o trabalho não será fácil. Um grupo de meninas mostrou resistência e pode influenciar no andamento da terapia. "Fizemos dois grupos para que os mais agressivos não desmotivem os que estão aceitando com tranqüilidade. Só depois de duas semanas, é possível ver se eles irão aceitar bem o tratamento. Muitos desistem nos primeiros dias. Passados os 15 dias iniciais, é porque querem levar o tratamento adiante", disse.
Combate aos "zumbis"
A população cuiabana, que acompanha o crescimento do índice de "zumbis", aceitou bem a iniciativa.
Grande parte dessas pessoas é detida, mas não passa por tratamento de dependência química: são liberadas em seguidam e passam a praticar novamente crimes, na maioria das vezes, para sustentar o vício.
"Como a lei não prevê prisão para usuários de drogas, eles são detidos e, logo depois ,liberados e voltam a se drogar. O ideal é recolher o fazer o tratamento. Já passou da hora fazer esse tipo de operação, a sociedade espera que os trabalhos continuem", comentou a professora de ensino médio Soraia Rangel.
O município fez um contrato de 12 meses com as entidades e pagará R$ 750 mensalmente por paciente em tratamento. O período de cada internação deve durar quatro meses.
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