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Agronegócios
Quarta - 25 de Setembro de 2013 às 22:59

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O  Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) aponta o controle biológico como uma das soluções para o controle de pragas na lavoura, com de inimigos naturais de insetos-praga, nematoides e plantas invasoras. "O controle biológico é hoje um negócio consolidado no Brasil e em boa parte do mundo, e não está mais restrito a fabriquetas de fundo de quintal", comenta o pesquisador Marcelo Soares, que integra desde abril passado a equipe de pesquisa do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), braço tecnológico da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA).


 
Junto com Paulo Queiroz e Érica Martins, Soares compõem o time do IMAmt em Brasília, que vem trabalhando em parceria com outros pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) e de outras unidades da Embrapa.


 
As perspectivas do trabalho são animadoras, segundo Soares, e incluem várias linhas de pesquisa voltadas para alguns dos maiores inimigos do algodoeiro e, consequentemente do produtor de algodão, como bicudos, nematoides e lagartas, entre elas, a exótica Helicoverpa armigera. Ele faz questão de deixar claro que o controle biológico não é a salvação da lavoura.


 
 "A solução para os problemas da cultura do algodoeiro e de outras é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que inclui o controle químico e o biológico, entre outras estratégias", afirma o pesquisador, rechaçando as críticas de pessoas que ainda pensam que o controle biológico não funciona. "Isso não procede, tanto que é que muitos gigantes do setor de produtos químicos estão comprando empresas de controle biológico cientes do potencial dessas tecnologias até para preservar de variedades geneticamente modificadas resistentes e/ou tolerantes a insetos", diz.


 
Na opinião de Soares, a efetividade dos produtos usados no controle químico depende de um controle de qualidade por parte das fábricas responsáveis por sua produção, também conhecidas como biofábricas. O papel da equipe do IMAmt, assim como de outros pesquisadores parceiros, é "garimpar" ou prospectar novas possibilidades de produtos utilizando os chamados inimigos naturais de insetos-praga e outros problemas que ameaçam o desenvolvimento e a produtividade da cultura do algodoeiro.


 
 Linhas de pesquisa - Entre as linhas de pesquisa mais promissoras, está a prospecção de cepas da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que não tenham as toxinas expressas na planta cultivada com a chamada tecnologia Bt. Amplamente utilizada na maioria das variedades transgênicas à disposição dos produtores de algodão e milho no Brasil, essa tecnologia consiste na introgressão de genes da bactéria em plantas de algodão (ou milho) que, com isso, passam a produzir proteínas tóxicas para algumas espécies de inseto, porém, com o tempo vão surgindo biótipos de insetos que quebram a resistência da planta.  A partir da identificação dessas novas cepas de Bt, os pesquisadores pretendem criar o protótipo de um bioinseticida a ser usado como complemento no controle de lagartas do gênero Helicoverpa spp.
Outras linha de pesquisa, apresentada no estande do IMAmt durante o 9º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), no início deste mês, é a utilização de Bt para aumentar a capacidade de enraizamento e vigor do algodoeiro. A equipe do IMAmt também vem investigando cepas de Bt que sejam nematicidas, ou seja, com capacidade para matar nematoides, os vermes do solo que são outro motivo de preocupação para os agricultores não só de Mato Grosso. Segundo Soares, a validação dessa tecnologia começará a ser feita em campo na safra 2013/14.


 
Ainda em relação à bactéria BT há outras linhas de pesquisa em curso, voltadas para os efeitos da associação do Bacillus thuringiensis com outros microorganismos e adjuvantes especiais como extratos de planta.


 
Os pesquisadores do IMAmt vêm também se dedicando - em parceria com colegas da Embrapa - ao estudos de fungos (Nomuraea rileyi) capazes de atuar no combate a lagartas-praga maiores. "A ideia é montar uma estrutura de controle biológico completa que combata as lagartas em todos os seus estágios, começando com o emprego de Trichogramma spp (vespas com grande capacidade para parasitar os ovos de mariposas, os quais não produzem as lagartas) e incluindo o Bt para combater as lagartas até 0,5 cm, além de fungos para lagartas maiores", explica Soares. A tecnologia de controle de pragas com Trichogramma spp., desenvolvida por outras instituições de pesquisa, vem sendo testada com sucesso no combate às lagartas do gênero Helicoverpa spp. no oeste da Bahia por uma empresa multinacional do ramo de controle biológico.


 
Em relação ao bicudo-do-algodeiro, considerado por muitos especialistas como o maior problema da cotonicultura, entrará em fase de teste na próxima safra uma tecnologia que associa o uso de fungos aos feromônios já utilizados em armadilhas instaladas nas lavouras. "É uma nova possibilidade que será testada como auxiliar no controle do bicudo", conta Soares, que participara em outubro próximo do encontro anual das indústria de controle biológico em Basel, na Suíça.


 
"Esse campo é muito promissor e a cotonicultura mato-grossense não poderia deixar de investir no controle biológico, buscando através de nossos pesquisadores - e da parceria com outras instituições - novas ferramentas para auxiliar o produtor a reduzir os custos de produção, aumentar a produtividade das lavouras e garantir o futuro de nossa atividade", comenta Milton Garbugio, presidente da AMPA e do IMAmt.





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