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Opinião
Sexta - 25 de Junho de 2010 às 08:02
Por: Lourembergue Alves

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Os jogos da Copa do Mundo não paralisaram as negociações político-eleitorais. Nem deveriam. Pois se vivem em clima de convenções partidárias. Convenções que, de longe, não se aproximam mais com as de outras épocas, onde o debate sobre os acordos e os projetos era o princípio norteador, o que levava ao confronto corporal em muitas ocasiões. Situação, há décadas, desaparecida. Nos dias de hoje, os políticos chegam às suas convenções, com candidaturas e alianças já amarradas, diminuindo o encontro determinado pela legislação.

Não por conta disso, os bastidores estão abarrotados de especulações. De acordo com elas, o PPS já está de casamento marcado com o PSB e o PDT, deixando assim “a ver navios” o PSDB, que ainda sonha alinhar-se ao partido do Freire, em Mato Grosso. Brigas são anunciadas. Alastradas em razão das notícias plantadas. 

Nem tudo o que se lê e vê, porém, é verdadeiro. Mas bastante coisa a respeito é. Isso reforça a afirmação de que o discurso político não deve ser lido e visto literalmente. A atenção deve ser dada também ao que ele não diz. A propósito, alerta Charaudeau, nenhum político ignora que lhe é impossível dizer tudo a todo instante e dizer todas as coisas exatamente como o próprio as pensa ou as perceba. 

Por outro lado, vale dizer que o discurso político é, por excelência, o lugar de um jogo de máscaras, e é como tal que o eleitorado deve encará-lo. Até porque nada do que se diz pode ser deixado de lado. Inclusive as notícias sobre a manipulação para afastar determinada candidatura ao governo do Estado.
 
O socialista-candidato tem se apresentado como vítima, insistentemente. Não são poucos os blogs, sites e veículos impressos que publicam, ou publicaram tal imagem. O que denuncia “a venda” e “a compra” de partidos. Quase como reprise do episódio da eleição de 2008, em Várzea Grande, quando o postulante-líder nas pesquisas abandonou a disputa em favor do nome democrata. 

A cena de hoje, diferentemente da de 2008, envolvendo o socialista, ainda não foi concluída. Um ou outro analista acredita que esse desfecho se dará na convenção, com a rejeição da candidatura própria. Pode até ser que isso venha ocorrer, uma vez que os filiados são livres para decidirem seus próprios caminhos, os quais podem se encontrar com determinada sigla partidária.   

Isso, entretanto, não pode ser ignorado. Ao contrário. Deve ser discutido nas ruas, nos botequins e nos espaços das emissoras de rádio e televisão, dos jornais e da internet. Discussão que não pode, nem deve ficar restrita aos analistas. A maioria dos eleitores igualmente deve participar dela. 

Posicionamento que enriquece a disputa eleitoral, e, mais do que isso, amplia o espaço da política, o qual não é outro senão o espaço da palavra e da ação. 

Processo de amadurecimento do jogo. Um jogo que não permite a ausência da população.


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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