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Opinião
Sexta - 21 de Maio de 2010 às 16:48
Por: Mario Eugenio Saturno

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A morte do satélite sino-brasileiro CBERS-2B deixa o Brasil sem um satélite nacional para prover imagens, expondo a fragilidade do programa espacial que, apesar de ter melhorado, ainda necessita de muitos cientistas e tecnologistas - a maioria aposenta-se nos próximos anos -, de salário compatível com os cientistas classe A do governo, investimentos maciços e apoio político, dos políticos e da sociedade. Não custa lembrar que a parceria com a China é responsável pela entrada do Brasil no ITAR (International Traffic in Arms Regulations) que nos proíbe de comprar equipamentos com tecnologia de ponta nos Estados Unidos, obviamente aumentando os custos, isso deveria pesar na balança e importância do acordo.
 
Dentro dessas limitações, a Agência Espacial Brasileira (AEB) faz milagres em construir o primeiro satélite controlado em três eixos (gira para qualquer direção), o Amazônia-1, com transferência de tecnologia argentina, planeja o Lattes-1, satélite cientifico nacional, e, agora, assinou com a Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), da Argentina, o acordo para desenvolver o satélite Sabia-Mar, para observar os oceanos e monitorar o Atlântico brasileiro e argentino. Isso incluirá observar a cor dos oceanos, a exploração petrolífera, a atividade pesqueira, etc. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) atuará como órgão executor do projeto. Cabe ressaltar que a Argentina dá mais apoio para a área.

Já expus no passado muitas razões para se investir na área espacial, mas, agora, surge a definitiva: retorno financeiro. Um estudo feito com usuários de produtos e serviços do Centro de Previsão e Estudos Climáticos (CPTEC), do INPE, estimou ganhos maiores que R$ 230 milhões com o uso das informações meteorológicas em 2009. Esse valor equivale a mais de 7 vezes o orçamento do CPTEC/INPE (R$ 30,5 milhões), incluindo custos de capital, custeio e pessoal. E esses números não englobam os que consultam as previsões do INPE pela imprensa nem as empresas de grande porte que utilizam as previsões diariamente em suas atividades, como a Petrobras. Em suma, o valor para o país é inestimável.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) já havia estimado ganhos de US$ 2 bilhões por ano para a economia nacional, incluindo todos os serviços meteorológicos disponibilizados por todas as instituições do Brasil. Essa estimativa baseou-se nos estudos da Organização Meteorológica Mundial (OMM/ONU) que calcula os prejuízos em US$ 100 bilhões, além de 100 mil mortes.

Essa é uma área que, como muitas outras, necessita de investimentos. O INPE adquiriu nos últimos meses um novo supercomputador, com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Agora, necessita investir na aquisição de dados para alimentar o supercomputador.


Mario Eugenio Saturno
é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



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