Desafios e oportunidades

Mato Grosso é um estado de inúmeros contrastes. Ao mesmo tempo em que ostenta o título de campeão nacional de grãos, maior centro pecuarista do Brasil, entre outros destaques, também concentra muitas desigualdades regionais. Essas incoerências ficam muito evidentes quando se verifica que há localidades onde boa parte das famílias sobrevive com apenas um salário mínimo por mês, enquanto há outras em que essa realidade atinge uma parcela ínfima da população.

São inúmeras as origens do problema, que pode ser atribuído à injusta distribuição do bolo tributário, falta de investimento governamental, baixa escolaridade da população, falta de capacitação, entre outros fatores.

A Associação Mato-grossense dos Municípios acompanha esse cenário político e econômico bem de perto, considerando que a instituição representa os municípios do estado, e por extensão, os cidadãos que neles residem.

O Pré-programa de Desenvolvimento do Turismo e da Agricultura Familiar, elaborado pela AMM para traçar um perfil dos municípios do Vale do Rio Cuiabá, e as necessidades de investimento na região, demonstra a preocupação da entidade com a estagnação que caracteriza boa parte dos municípios de Mato Grosso.

A região é composta pelas seguintes cidades: Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento, Santo Antonio de Leverger, Acorizal, Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães, Jangada, Nobres, Nova Brasilândia, Planalto da Serra, Poconé e Rosário Oeste.

Dos 13 municípios, sete possuem economia exaurida, que na prática representa poucas oportunidades, desemprego, população decrescente, entre outros problemas. Pesquisa realizada pela AMM em 2011 nos municípios da região ratifica essa realidade. O levantamento apontou um significativo fluxo migratório e um índice de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos, principalmente moradores das periferias. Essa constatação motivou a realização de um curso, também em 2011, para auxiliar os jovens à procura do primeiro emprego.

A iniciativa gerou resultados muito positivos, como a ocupação de boa parte dos jovens participantes, que atualmente estão inseridos no mercado de trabalho. Mas entendemos que é necessário muito mais para desenvolver a região. Por isso realizamos o estudo, que dá início ao processo de elaboração de um programa de desenvolvimento econômico e social para a região.

O estudo visa criar meios para diversificar a matriz econômica dos municípios, para que se tornem mais competitivos, menos dependentes de repasses governamentais e de variações externas. O interessante é que esse processo de desenvolvimento pode ser baseado nas suas próprias vocações, como a agricultura familiar e o turismo.

É notório que a agricultura tem grande representatividade na identidade econômica dos municípios e o turismo possui grande potencial, que pode ser melhor explorado com um investimento mais sólido e planejado dos âmbitos federal e estadual.

Entendemos que se esses pilares foram fortalecidos, os municípios terão tudo para iniciar um processo de desenvolvimento sem igual, contribuindo com o crescimento do estado de Mato Grosso e do país. Para tanto, já nos reunimos com o presidente da Assembleia Legislativa para apresentar o programa e estamos articulando uma audiência com o governador Silval Barbosa para pedir o apoio para deflagrá-lo.

É muito importante destacar a participação dos prefeitos nessa iniciativa, que ganha muito mais visibilidade e credibilidade com o engajamento dos gestores. Estamos muito otimistas com o sucesso dessa ação, que poderá servir de modelo para projetos de desenvolvimento das demais regiões de Mato Grosso.

Será também uma oportunidade ímpar para mostrar o nosso poder de organização para o mundo, considerando que em dois anos seremos uma das sedes da Copa. Os municípios precisam se preparar para atender essa demanda, que entendemos ser uma grande oportunidade para implantar importantes mudanças e sólidas realizações.

MERALDO FIGUEIREDO SÁ é presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).