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Opinião
Sexta - 05 de Março de 2010 às 00:35
Por: Lourembergue Alves

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 Outro dia, fui barrado no caminho do escritório por uma senhora, que conversou demoradamente comigo. Aliás, só ela falava e eu, ouvia. Demorei um pouco para perceber que a mesma me tomava por outra pessoa, certo engenheiro José, com quem a distinta mulher tratou de negócios. Com cuidado a fiz entender que nada tinha com o tal profissional. Isso é bastante comum. Pessoas são confundidas por outras. Até aí nada demais, uma vez que quem se parece comigo, ou eu com ele, inspira confiança e respeito. O problema, entretanto, é quando palavras me são atribuídas, ainda que jamais as tenha dito ou escrito.  

 Desconforto que não desejaria a ninguém. Nem ao meu inimigo, se é que eu porventura o tenha. Pois bem, em recentes entrevistas a uma emissora de rádio e ao RDNEWS, o senhor Wilson Santos disse que eu sou “doutor em errar sobre” suas “eleições”. Dizia isso se referindo as disputas de 2004 e de 2008, quando, segundo ele, havia dito que perderia para o petista Alexandre Cézar e para o empresário Mauro Mendes, respectivamente. 

 O prefeito cuiabano, aqui, no mínimo, cometeu três descortesias, a saber: (1º.) falou do que não sabe e, pior, não procurou se informar a respeito com os assessores; (2º.) propagou inverdades e (3º.) tentou diminuir o valor do meu trabalho. 

 Sua Excelência, no entanto, se esqueceu de um detalhe importante: todas as minhas opiniões ou foram publicadas nesta coluna, ou em outra página de A Gazeta, o que me orgulha sobremaneira, e/ou divulgadas nas emissoras de TV e de rádio. Nada existe, em quaisquer desses veículos, que sustenta a infeliz declaração do senhor Wilson Santos.

 Aliás, é importante acrescentar, estava na Record nos momentos da apuração dos votos daquelas disputas, nos quais, antes mesmo do final, pronunciara a respeito de suas vitórias. Igualmente como havia antecipado a eleição do prefeito várzea-grandense, faltando cinco urnas do término. Comentários que se estenderam no dia seguinte, logo pela manhã, tanto na CBN/Cuiabá e Cultura (Programa Tribuna do Ouvinte), com a presença do próprio tucano-prefeito eleito e, depois, reeleito, que não se esqueceu de me parabenizar pela avaliação anteriormente realizada. 

 Tudo isso, no entanto, parece ter fugido da memória do atual chefe do Executivo cuiabano. É uma pena. Há de se lamentar. Sobretudo em se tratando de quem o é ou era, na lida em sala de aula dos cursinhos, como professor de História.

Sabes, portanto, ou deveria saber que a história não é erguida com tijolos da mentira, assentados sobre a argamassa do desconhecimento. Embora se saiba que a mentira esteve e está sempre presente no jogo político. Um jogo em que também vale bastante a encenação, bem como a construção da própria imagem, no exato instante em que se destrói a dos adversários.

Acontece que não sou candidato a cargo eletivo algum. Nem poderia, tampouco deveria, pois não sou filiado a nenhum partido político, e jamais serei em razão da minha atividade de estudioso da política. Não justifica, então, o prefeito me encarar como seu adversário, a menos que esteja magoado com as minhas avaliações sobre a sua administração. O que denuncia a sua inabilidade no lidar com a adversidade, com o diálogo.                 

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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