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Opinião
Terça - 16 de Fevereiro de 2010 às 16:41
Por: Lourembergue Alves

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É carnaval. “Liberou geral”. O Brasil tornou-se um grande palco de samba, folia e alegria. Agora, só depois do meio dia da quarta-feira de cinzas para tudo voltar à rotina de antes, com a correria cotidiana, acompanhada do medo, pois persiste a insegurança e a dengue, por incrível que se possa parecer, ainda ameaça a população.

 Retrato que não aparece no reinado de Momo. Neste, a ordem é extravasar, deixar sobressair o faz-de-conta, e, então, um cenário de magia toma conta do ambiente, levando de redemoinho as preocupações com as dívidas e as intempéries provocadas pelo solavanco da economia internacional. 

 O triste de tudo, entretanto, é saber que daqui a pouco, tão logo cesse esse reino de ilusão e o sino dê doze badaladas, a vida retorna ao seu curso normal. Nada de confete e serpentina, nem de fantasias. O pobre é realmente pobre e o rico, por sua vez, assume o seu papel na feira de especulação. Esses dois, agora, não mais fazem parte do mesmo grupo, tampouco deslizam pela mesma passarela. Caminham por estradas diversas. Um está às voltas com o mercado de capitais e o outro, não desgruda os olhos da bolsa de empregos. Ambos, no entanto, precisam estar atentos. Qualquer descuido pode ser fatal. Ainda que se viva no tempo de Copa do Mundo, onde o povo se pega a torcer por onze conterrâneos que passam noventa minutos a correr atrás de uma bola. Onze contra onze. São sete partidas para que uma das seleções se torne campeã. 

 No antes e depois desse grito, o de campeã, por aqui, no país do carnaval, outras disputas acontecem, a saber: são as disputas pelos cargos eletivos. Brigas desleais é verdade, porém, a “zebra”, muito presente nos gramados de futebol, dificilmente se registra no campo da política.
 Na política, conta bastante o marketing, a propaganda e toda uma encenação. Encenação que transforma as promessas em programas, e faz do demagogo, apto a exercer o mais alto posto ou do Estado e ou da nação. São quatro anos de decepção, de descontentamento. 

 No final, entretanto, tudo se resolve. A favor, é claro, dos que foram eleitos. O eleitorado, uma vez mais, ficará a ver navios. Despertado com nova briga eleitoral, onde a oposição faz o maior pampeiro, sem realizar coisa alguma. 

 Assim, “o barco vai rodando”. Não nas águas que formam as enchentes e arrastam o que se vê pela frente. Deixando uma lacuna sem tamanho. Não se diz sem precedente, porque em ano anterior também houve desmoronamento, mortes. Filme que se repetirá no ano vindouro, uma vez que prefeitos e governadores nada fazem para solucionarem os problemas que acarretam os prejuízos, muito menos se tocam as pessoas, pois, estas, continuam jogando lixo onde não deveria nunca jogar.
 Retrato que está bem distante do reinado de Momo. Mas, sem dúvida, pertence às realidades de um país “gigante por natureza”.        
        
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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