Hoje São Paulo, e amanhã? O paulistano tem nossa solidariedade antes a falta d'água. Mas, há a questão clássica: quando será a nossa vez?
Já há algum tempo estamos sendo bombardeados diariamente com as notícias sobre o drama da população de São Paulo. Um debate que, a princípio, teve contornos políticos por causa do processo eleitoral e se achava que teria fim em pouco tempo.
Contudo, as eleições se foram, as chuvas teimam em castigar a Capital paulista e, agora, chegou a notícia que todos temiam, isto é, o racionamento anunciado pelo governador Geraldo Alckmin como fator essencial para distribuição da água.
Um quadro lastimável que, nos seus graves contornos, serve para emitir um alerta fulminante a todos nós: é preciso se criar urgentemente a consciência de respeito os recursos hídricos e, como demais, dos recursos ambientais.
A situação que São Paulo e sua população vivem no momento, pode se dizer, era quase uma tragédia anunciada. Afinal, há décadas e décadas que somos alertados sobre os riscos de escassez de água potável.
Mas, infelizmente, em nenhum momento, talvez gerenciado por uma crença de que o desabastecimento era uma possibilidade distante em função do potencial de água que o Sudeste dispunha em reservatório, não se deu o devido valor aos alertas, muitos baseados em estudos sérios. Um erro grave. "Água é um bem primoroso. Me lembro de que em 1998 atuei para assegurar o provimento de uma emenda parlamentar da bancada federal de Mato Grosso, para garantir os recursos para a retomada da Usina de Manso, cujas obras estavam paralisadas há dez anos"
O povo paulistano tem a nossa solidariedade e a situação nos remete a um questionamento clássico: quando será a nossa vez?
Em verdade, viver num estado como Mato Grosso, cercado de três ecossistemas – o que o faz único no mundo -, é um grande privilégio. Este estado tem abundância de água potável, com rios caudalosos, grandes lagos e potencial hídrico fantástico, além de boas reservas e mananciais.
Portanto, essa ameaça parece ser muito longínqua, distante de todos nós. No entanto, esse quadro que nos tranquiliza hoje pode se constituir – a exemplo do que acontece agora em São Paulo capital e cidades do seu entorno – numa armadilha para as futuras gerações.
A questão da água sempre foi uma preocupação em meus mandatos como deputado federal. Sempre trabalhei para garantir água potável a população, dentro do entendimento da proposta de universalização do abastecimento.
Ajudei a viabilizar os recursos para a ETA do Tijucal, por exemplo, que presta função estratégica para garantir água de qualidade na torneira de boa parcela da população de Cuiabá. Em várias cidades do Estado, lutamos muito para assegurar esse benefício à população.
Água é um bem primoroso. Me lembro de que em 1998 atuei para assegurar o provimento de uma emenda parlamentar da bancada federal de Mato Grosso, para garantir os recursos para a retomada da Usina de Manso, cujas obras estavam paralisadas há dez anos.
Como coordenador da bancada do nosso Estado, o dinheiro chegou e a obra prosseguiu até a sua conclusão. Manso era – e segue sendo – imprescindível para o Estado.
A usina representou, na época, o primeiro passo para a autonomia energética de Mato Grosso e contribuiu, ainda, para o desenvolvimento da região Norte do Estado, onde a energia chegou via linha de transmissão.
A obra gerou esse formidável lago com 40 mil hectares, onde estão sendo desenvolvidos projetos de turismo e lazer, piscicultura e irrigação, além da construção de condomínios residenciais.
Ao mesmo tempo que procuramos garantir a universalização da água, é passada hora de darmos início a implementação de ações mais ousadas para combater o desperdício.
No Senado, seguirei abraçando os projetos que estimulem a população a economizar água, numa visão clara de universalização com respeito esse bem tão essencial a vida. Há inúmeras propostas em tramitação. Muitas ideias importantes e simples, algumas inovadoras.
Seja como for, lutar pela garantia da água é mais um desafio que precisamos enfrentar pela racionalidade em defesa das futuras gerações.
O alerta de São Paulo é forte e eloquente. Que saibamos ouvi-lo com clareza para que também não sejamos tragados por uma eminente tragédia.
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