Conversações A greve se mostrou como uma forte crise. Crises ensinam sempre. Especialmente a se criar canais de cooperação
Tenho criticado duramente neste espaço a pouca habilidade da gestão atual do Governo de Mato Grosso em conversar com interlocutores da sociedade e das instituições públicas e privadas.
A greve geral dos servidores públicos veio daí. Assim como outras interlocuções interrompidas. Ao longo da greve o diálogo não foi o ponto forte até um certo momento.
Quando o Governo viu que não avançava nas negociações, delegou a Assembléia Legislativa as conversações e saiu da cena diretamente. Houve avanços, recuos, acertos e desacertos. Mas prevaleceu o bom senso.
Outra experiência que fica é a exigência de melhor diagnóstico das situações potencialmente complexas. No diagnóstico cabem outras opiniões que podem vir da sociedade, das instituições públicas e privadas, além dos poderes
O Governo soube acatar o bom senso. Mais importante: percebeu que a interlocução pode ter várias caras dentro de uma mesma situação.
Por exemplo, ao mesmo tempo em que os deputados conduziam o tema da greve, o governo conversava com setores produtivos em busca de apoio político e de respaldo da economia. Conseguiu. Estabeleceram-se canais até então inexistentes.
A greve se mostrou como uma forte crise. Crises ensinam sempre. Especialmente a se criar canais de cooperação.
Ao mesmo tempo abriram-se canais novos de interlocução do governo com a sociedade. É um enorme e inteligente avanço.
O governo agora fala com o setor produtivo e abriu canal de negociações via Assembléia Legislativa nesta crise e nas eventuais do futuro.
Conceder, às vezes, é mais inteligente do que confrontar. Foi o que aconteceu.
O fortalecimento da Assembléia Legislativa nas interlocuções do governo abre outros canais com os poderes Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público.
Esse leque de cooperação é bom pro governo não ter mais sobressaltos isolados. Também para a democracia, que se constrói nas adversidades.
Outra experiência que fica é a exigência de melhor diagnóstico das situações potencialmente complexas. No diagnóstico cabem outras opiniões que podem vir da sociedade, das instituições públicas e privadas, além dos poderes.
O governo, nem sempre precisa diagnosticar tudo e impor suas posições.
As negociações são complicadas e demoradas, às vezes. Mas são boas conselheiras.
A gestão Pedro Taques enfrentou e passou no primeiro grande atoleiro na jornada de quatro anos.
Com essa experiência adquirida, ficará mais fácil lidar com outros obstáculos futuros.
A sociedade respira aliviada.
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