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Opinião
Quinta - 03 de Outubro de 2019 às 10:24
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Na Argentina as pesquisas apontam o retorno da esquerda ao poder com Alberto Fernandez e Cristina Kirchner na vice. Talvez levem a eleição no primeiro turno.

Lá quem conseguir 45% dos votos ganha a eleição. Ou se tiver 40%, com pelo menos 10 pontos à frente do segundo, também leva num turno só.

O empresariado industrial argentino quer Fernandez, não o liberal Mauricio Macri. A Argentina é mais protecionista que o Brasil e essa história de integrar o Mercosul com a União Europeia não agrada os industriais.

Querem continuar como estão e, como acontece no Brasil, fugirem da competitividade externa, produzindo bens de segunda categoria para mercado interno cativo. Como é que ficaria o relacionamento do governo Bolsonaro com um governo de esquerda na Argentina?

Na Argentina as pesquisas apontam o retorno da esquerda ao poder

A Bolívia caminha também para mais uma eleição de Evo Morales. Não podia, pela Constituição, ser mais candidato. Fez um plesbicito em que perguntava se ele podia ser mais uma vez candidato. Perdeu e aí Inventou a estória de que lei universal dos direitos humanos não impede o cidadão de ser livre e escolher seus caminhos. Essa “lei” seria superior a Constituição do país. Outro de esquerda no poder regional.

Não esquecer que no Uruguai, outro parceiro do Mercosul, o governo também é de esquerda. No Chile, tem alguém da direita no poder cercado pelo forte grupo de esquerda de Michele Bachelet, aquela que Bolsonaro não gosta.

Seja quem for governo na Bolívia, MT tem que olhar naquela direção. Vai ser cada mais forte os laços entre os dois interesses. Energia elétrica, gás, ureia, produto para fertilizantes, hidrovia, estrada para o Pacifico, acordos futuros de atuação conjunta na fronteira em combate a tráfico de drogas e roubo de carros. A aproximação MT e Bolívia é irreversível.

Tem mais ainda. Mostrou pesquisa recente que só em Santa Cruz de la Sierra tem mais de 20 mil estudantes brasileiros em curso de medicina. Passagens aéreas para esses estudantes já quase viabilizaria aquele voo, que não sai nunca, entre Santa Cruz e Cuiabá, não?

Em Pedro Juan Cabalero, no Paraguai, são 13 mil estudantes em nove faculdades de medicina. São 65 mil estudantes brasileiros em medicina na Argentina, Paraguai e Bolívia.

A universidade pública no Brasil em medicina tem 11 mil estudantes. Juntando as públicas e privadas se tem 167 mil. Naqueles três países tem mais de um terço do que se tem aqui. Lá, em geral, se paga entre 700 e dois mil reais, aqui entre seis a dez mil.

Na Venezuela a inflação anual passa de um milhão por cento. O salário mínimo compra dois quilos de frango. Vive-se com uma espécie de bolsa família distribuída pelo Exército. Gentes no Brasil, conheço vários, defendem o descalabro que ocorre na Venezuela. E, para não perder o antigo costume, culpam os EUA pela atual situação.

No Peru o presidente atual quis fechar o Congresso. O troco foi sua demissão, deram posse à vice que já renunciou. Ali quatro presidentes foram presos por corrupção. Um até suicidou.

Alfredo da Mota Menezes é analista político.



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