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Opinião
Sexta - 18 de Novembro de 2011 às 08:26
Por: Juacy da Silva

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Existem duas correntes de interpretação de qualquer realidade, uma pessimista e outra otimista. Geralmente os críticos do sistema tendem a apontar as falhas do mesmo e os que estão no poder, ao interpretar a realidade, tentam demonstrar que tudo está as mil maravilhas. Isto acontece em todos os países.

A realidade, independente da sua interpretação, é algo real, concreto. O que muda é o enfoque tendo como referência um quadro ideal, ou seja, como gostaríamos que as coisas estivessem. Os que interpretam a realidade como ótima, mesmo que o povo perceba que nem tudo esta como deveria ser, procuram analisá-la pelo prisma temporal, ou seja, como a mesma está na atualidade em comparação com o que existia há duas, três ou mais décadas. Já os que ostentam uma visão mais crítica tendem a comparar a realidade de um país em um contexto relacional, comparando-a com outros países ou regiões.

É neste contexto que podemos identificar as interpretações sobre a realidade econômica, social, política, militar e geoestratégica dos EUA. Existem pensadores e analistas, tanto nos EUA quanto em vários outros países, que enfatizam a “decadência” do império, a perda de hegemonia em vários setores e, em conseqüência, o surgimento de novas potências, a mudança do eixo da política mundial, pendendo para a região asiática e assim por diante.

Como soe acontecer, a educação é o eixo fundamental e estratégico para o desenvolvimento de qualquer país e assim também aconteceu e continua acontecendo nos EUA, por mais que os problemas e desafios possam dificultar a manutenção do status de superpotência que o país tem ostentado e continua ostentando na atualidade.

Para entender melhor a realidade educacional dos EUA, além da organização, do número de alunos matriculados, de professores, a articulação entre educação pública e particular e a gestão educacional, é fundamental também que saibamos quanto o país investe nesta área e de onde vêm tais recursos.

No ano escolar de 1999 o orçamento público (União, Estados e condados) destinado a educação pública foi de 374,8 bilhões de dólares, chegando a 608,8 bilhões em 2009. Além do aumento nominal e também real quando os valores são deflacionados, o gasto/investimento por aluno aumentou consideravelmente de 6.891 dólares por aluno/ano em 1999 para 10.506 dólares em 2009.

Como o sistema educacional é descentralizado e bastante autônomo tanto os orçamentos quanto os gastos/investimentos por aluno variam muito. Estados como NY, Massachusetts, D.C., Maryland e Virginia, por exemplo, em 2008 investiam entre 13,7 mil dólares por aluno/ano e 18,1 mil dólares, enquanto Nevada e Mississipi investiam praticamente a metade por aluno/ano entre 7,8 mil e 9,1 mil dólares.

A participação do Governo Federal no orçamento do sistema publico de ensino tem sido em torno de 10,2%, dos Estados 45,6% e dos condados e cidades de 44,2%, confirmando o que escrevemos em artigo anterior.

Aqui cabe um parêntese, a distribuição do bolo tributário nacional, aos governos locais cabem praticamente 40% de tudo o que é arrecadado, aos estados em torno de 30% e a União 30%. Tanto estados quanto governos locais têm uma grande autonomia em criar ou extinguir impostos e taxas e estabelecer seus percentuais, com uma ênfase muito grande em ter sempre uma carga tributaria reduzida. Os EUA têm uma das menores cargas tributárias entre os países desenvolvidos, algo em torno de 22% do PIB.

Tanto alunos quanto professores têm jornada em tempo integral, com raras excessões , no ensino superior, onde alguns acumulam as funções de docência com atividade profissional na mesma área.

A questão salarial também varia de estado para estado e também entre condados em um mesmo estado. Os contratos são anuais ou por um período mais longo, mas isto não impede que professores permaneçam vários anos ou décadas em um mesmo estabelecimento. Tanto a rede pública quanto a particular oferece alguns benefícios complementares como planos de saúde, aposentadorias especiais, estímulos a realização de cursos mais avançados, já que a grande maioria de professores, mesmo no nível fundamental e médio, possui mestrado ou doutorado.

O salário de um professor com alta qualificação e com 20 anos de atividade, por exemplo, no ensino fundamental e médio varia de 47 mil a 120 mil dólares anuais e no ensino superior entre 55 mil e 130 mil dólares por ano. No caso de docentes que dirigem projetos de pesquisa às vezes esses valores podem ser até 80 % maiores, o que explica em parte a alta produtividade científica em várias universidades americanas. A máxima neste meio de alta competitividade é “publish or perish” (produza ou morra).

JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, Ex-Diretor da ADUFMAT, Ex- Ouvidor Geral de Cuiaba,  mestre em sociologia.



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