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Opinião
Segunda - 10 de Outubro de 2011 às 00:08
Por: Lourembergue Alves

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Outro dia, em entrevista concedida a um dos blogs do Estado, o empresário-socialista posou-se de postulante à prefeitura de Cuiabá, e, nessa condição, teceu fortes críticas ao atual prefeito. Este, no seu entender, deveria “tomar atitudes ousadas para obter resultados”. Pois, “os problemas” por aqui têm soluções, e reconheceu que, para solucioná-los seria preciso “realizar um trabalho complexo”. 
 
O presidente do PSB/cuiabano, contudo, não diz que “trabalho complexo” seria este. Tampouco faz referência ao tipo de atitude considerada ousada. Nem poderia. Pois a sua intenção se prende tão somente em jogar com as palavras, e, fazer destas, trapézio para manter a si próprio em evidência.

Comete, portanto, o mesmo erro das vezes anteriores. Talvez, por isso, tenha perdido as eleições que disputara. A primeira para a prefeitura da Capital e a segunda para o governo do Estado. Em ambas, no entanto, teve uma votação expressiva. Sobretudo no ano passado, quando ficou em segundo lugar, uma vez que conseguiu mais votos que quaisquer outros concorrentes em Cuiabá. 
 
Isso, por outro lado, o faz naturalmente candidato. Candidato bastante forte. Porém, ainda não um vencedor. Pois para vencer uma disputa eleitoral, deveria primeiro mudar de estratégia. Não ficar apenas apontando os defeitos da atual administração. Até porque tais desacertos já são muitíssimos conhecidos da população. Afinal, não saem das páginas da imprensa, nem deixam de ser manchetes nos espaços televisivos, radiofônicos, blogs e sites. É o caso, por exemplo, da ineficiência no abastecimento de água, na coleta de lixo e no saneamento. O socialista-empresário faz menção a esta ineficiência como se trouxesse alguma novidade, e “vende” a sua própria imagem como a de um tocador de obras – com condições de superar a dita ineficiência, bem como a de todas as que, junto com aquela, tornam a vida do munícipe dificílima. 
 
Seus depoimentos, entretanto, deixam a mostra um ator inabilitado para a esgrima política. Falta-lhe, justamente, aquilo que ele dizia faltar na atuação do prefeito. Isso fica claro quando se observa, com cuidado, as palavras ditas pelo socialista-empresário. Palavras desacompanhadas de conteúdo, e, portanto, de ousadia. É esta, aliás, que lhe possibilitaria apresentar soluções para alguns dos maiores problemas de Cuiabá. Soluções sustentadas por projetos, os quais serviriam para alavancar a sua campanha rumo ao Palácio Alencastro, ou ao Palácio Paiaguás. 
 
A ausência de projetos, por outro lado, revela a inexistência de estudos sobre a cidade e seus problemas. Isso explica o porquê o socialista-empresário desaparece tão logo termina a apuração dos votos de uma dada disputa. Desaparece a ponto de não se ouvir falar dele. Nem mesmo nas rodas de discussões políticas. A administração pública fica desse modo, sem o seu contraponto necessário; enquanto o PSB se transforma em apenas um trampolim, como foi o PR em 2008.  O empresário-socialista só reaparece quando se começa a montagem do cenário para as eleições vindouras.

Reaparece já na figura de “pré-candidato”. Mesmo que lhe falte bagagem suficiente. Igual característica se percebe em outras personagens do tablado local e regional, cujo entendimento sobre política não passa da assinatura na ficha de filiação. 
 
Justifica-se, então, a substituição do debate pelo bate-boca. Pois vale bem mais o jogar pedra em quem tem “telhado de vidro”. Daí apenas o apontar defeitos de uma referida gestão, sem que se tenham cuidados em oferecer sugestões com vistas a sanar os erros enumerados. Pobre povo!   

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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