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Opinião
Sábado - 23 de Outubro de 2021 às 07:04
Por: Luciano Vacari

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A pauta da sustentabilidade parece não ter fim. E não tem mesmo. Este é um processo que se iniciou há algum tempo e será contínuo em busca de propostas cada vez mais eficientes. E o Brasil, podem acreditar, é uma potência sustentável, sempre inovando com modelos de produção de alimentos, fibras e energia de baixo impacto ambiental.

Neste caminho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou o ABC+, uma revisão da política pública, denominada Plano ABC, que contemplou 10 anos e que foi um verdadeiro marco dentro da produção agropecuária brasileira. Essa atualização era uma das mais esperadas, especialmente por associações da indústria, organizações do terceiro setor, pesquisadores e outros.

O grande diferencial do Plano ABC de outras propostas lançadas por diferentes instituições é a viabilidade técnica e econômica dos projetos. O Plano ABC, e agora ABC+, traz todas as bases estratégias e tecnologias que poderão ser financiadas pelo Programa ABC, que é a segunda maior linha de crédito do Plano Safra. As taxas de juros só não são menos atrativas do que as encontradas no Pronaf – linha de crédito específica para a agricultura familiar.

A pauta da sustentabilidade parece não ter fim. E não tem mesmo. Este é um processo que se iniciou há algum tempo e será contínuo

Um ponto que chamou atenção no ABC + é que dobrou a área de expansão das tecnologias, com o objetivo de que, até 2030, 72 milhões de hectares adotem as tecnologias descarbonizantes. Como isso impacta a produção? Para atingir essas metas, deve haver um aumento do recurso disponibilizado para a linha pelo Plano Safra.


Algumas das novidades em termos de tecnologias, especialmente para a pecuária são a terminação intensiva, com a possibilidade de financiar investimentos para semi confinamento ou confinamento.. Outro ponto, que já tem sido foco da atenção do Mapa, inclusive no Plano Safra, é a agricultura irrigada.

Outro avanço muito importante no ABC+ foi a inclusão dos bioinsumos. Na primeira fase, o fomento era apenas para as Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN). Entre as inúmeras vantagens do uso e desenvolvimento de bioinsumos, está a redução do uso de fertilizantes químicos à base de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK). Essa é uma estratégia chave para o Brasil reduzir a sua dependência internacional por insumos. É o futuro.

Uma questão muito importante é que as tecnologias apresentadas, de intensificação sustentável da produção, melhoraram a renda do produtor. Esse pacote sustentável agrega valor à produção e a agropecuária é um dos poucos setores que, até 2050, tem o potencial de realizar descarbonização ativa da atmosfera.

O produtor que estiver adotando essas tecnologias, pode, além de receber pela sua produção, também ser remunerado pelo carbono. Ainda é uma discussão longa e que necessitará de muitos avanços, inclusive burocráticos em Brasília, mas o potencial é imenso.

A COP-26, que se aproxima, pode ter negociações importantes nesse sentido. Se o Brasil atingir as suas metas de redução das emissões (as chamadas NDCs), a agropecuária pode ser um setor muito favorecido pelo mercado de carbono.

Os resultados do Plano ABC e do ABC+ demonstram que o produtor rural tem feito a sua parte, tem investido e adotados as tecnologias que mitigam gases de efeito estufa e que também fortalecem uma agropecuária mais resiliente à mudança do clima. O coelho da cartola às vésperas da COP26.

Luciano Vacari é gestor de agronegócios.



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