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Opinião
Segunda - 21 de Fevereiro de 2022 às 06:47
Por: Renato de Paiva Pereira

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Colocar um apelido jocoso, ridículo ou depreciativo em alguém ou coisa, é uma forma deselegante, mas muito usada para vencer batalhas que deveriam ser técnicas. Foi o caso de chamar de “PL do Veneno” a lei que apressa a análise dos pesticidas e de “Deputados do Câncer” os parlamentares que a defendem.

Os ambientalistas chamam, por exemplo, os defensivos agrícolas de “agrotóxicos” embutindo aí o tom negativo que a palavra carrega, pois o sufixo “tóxico” é associado a veneno, peçonha ou morte.

A palavra Agrotóxico, a meu ver, carrega um vício de origem pois do jeito que está formada, a toxicidade parece direcionar-se ao agro (lavoura, planta) e não aos insetos ou micro-organismos que combate. Eu diria que “agrotóxico” (agro=planta; tóxico=que envenena), baseado no processo de formação das palavras, significa algo venenoso para a planta, não para os insetos.

A palavra Agrotóxico, a meu ver, carrega um vício de origem pois do jeito que está formada, a toxicidade parece direcionar-se ao agro (lavoura, planta) e não aos insetos ou micro-organismos que combate

Entretanto, em uma coisa os ambientalistas contrários à Lei em questão, estão certos. O Brasil usa agrodefensivos (termo que eu prefiro à pesticida) totalmente defasados em relação à Europa e aos Extados Unidos. Eles têm razão ao apontar essa desatualização de nossos defensivos, mas tem também a maior parte da culpa pelo descompasso, porque eles (os ambientalistas) atrasam a aprovação de produtos mais modernos, obrigando os agricultores a continuar com os ultrapassados.

Ora, se temos que usar os agrodefensivos - pois sem eles, definitivamente, não é possível plantar lavouras de médio e grande portes (aquelas que alimentam bilhões de vidas) - por que não usar os mais modernos e, consequentemente, mais eficientes e menos tóxicos? Ou alguém acha que a ciência e a pesquisa andam pra trás, produzindo hoje, coisas piores que ontem?

Por isso é impossível seguirmos com o atual processo lento de liberação de agro defensivos, cuja burocracia consome cerca de dez anos. Felizmente está quase no fim esse anacronismo, em breve o Senado vai confirmar o PL e passará à sanção presidencial.

Mas, é muito esquisita essa má vontade dos urbanos contra os novos defensivos. Nenhum deles (os urbanos) se posiciona, por exemplo, contra um novo antibiótico, nem indaga se estão sobrando remédios nas farmácias. Entretanto o fazem com estridência quando surge algo moderno na agricultura.

Eles creem, ou fingem crer, para justificar a paranoia, que quando aparece um novo defensivo, o produtor aplica-o cumulativamente com o que já usava, sem levar em conta que o novo – melhor e menos prejudicial - vai ficar no lugar do antigo, da mesma forma que um antibiótico mais moderno não se soma ao seu antecessor, mas o substitui.

Algumas coisas que os inimigos gratuitos do agronegócio precisam saber: a) qualquer defensivo novo será, por lei, menos tóxico que o substituído; b) insumos experimentais obrigatoriamente precisam já serem usados por pelo menos três membros da OCDE; c) produzir alimentos nos trópicos exige muito mais agro defensivos que no hemisfério norte.

E, por último digo para os que têm birra contra os ruralistas bem sucedidos: tanto usa defensivo o grande empresário rural, com suas máquinas guiadas por satélite, como o humilde horticultor que anda léguas por dia, com seu pulverizador manual amarrado nas costas.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor



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